Invasores atearam fogo no segundo andar do prédio; duas pessoas foram detidas e uma mulher entrou em trabalho de parto e foi levada ao Hospital Miguel Couto; bebê e mãe passam bem
Sem-teto aguardam desocupação de prédio de Eike Batista (Reprodução/ Globo News)
Muita confusão, incêndio e duas pessoas detidas pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro na reintegração do prédio Hilton Santos, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. Alguns dos cerca de 300 ocupantes que aguardavam a reintegração, marcada para a manhã desta terça, entraram em confronto com a polícia. Os invasores atearam fogo no segundo andar do prédio, mas o Corpo de Bombeiros conseguiu conter as chamas. Até esta segunda-feira (13), 63 crianças, sendo três bebês, integravam a ocupação. Na madrugada, uma mulher entrou em trabalho de parto e foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Botafogo e, depois, transferida para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, zona sul. É o 7º filho de Fernanda Aldeir, de 35 anos, que teve parto prematuro e segue internada. Segundo nota da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, o bebê nasceu prematuro, mas ele e a mãe passam bem. Moradores prometeram resistir no local, mas, aos poucos, as famílias são levadas para abrigos. Ao menos 18 carros da Polícia Militar estão posicionados nos arredores. As ruas próximas ao prédio foram bloqueadas, o que tumultua o trajeto do motorista no Rio. "Esta madrugada foi muito difícil, do mesmo jeito que está sendo a manhã. Meu bebê nasceu prematuramente devido à insegurança do poder publico. Nosso bebe não está bem, está no hospital internado", disse o pai da criança, Carlos Souza, de 35 anos. Segundo relatos, uma parte dos ocupantes saiu do local na madrugada desta terça-feira - a maioria das crianças. O edifício foi invadido no dia 7 de abril.Com cartazes, o grupo pede moradias. "Para que Olimpíada se não temos moradia?", questiona uma faixa. Parte dos ocupantes afirma que vai resistir à intervenção da PM.A reintegração de posse foi determinada pelo juiz Leonardo Alves Barroso, da 36ª Vara Cível. Na noite de segunda-feira, a Defensoria entrou com uma medida cautelar para evitar a desocupação, que acabou sendo negada. Nesta terça-feira, defensores entraram com um agravo de instrumento, que deve ser apreciado depois das 11h.O imóvel é uma propriedade do Clube de Regatas do Flamengo, arrendado pelo grupo EBX, do empresário Eike Batista, e deveria ter se transformado em um hotel, cuja previsão era que ficasse pronto até a Olimpíada. Por causa da crise enfrentada pelas empresas de Eike, o prédio ficou abandonado, até ser ocupada pelos sem-teto.Parte do grupo é oriundo de uma ocupação ocorrida mês passado em um prédio da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae). Muitos participaram também da invasão da antiga sede do grupo Oi/Telerj, na zona norte do Rio, cuja reintegração de posse ocorreu em abril do ano passado, marcada por confrontos.