Ação envolve a Comunidade Nelson Mandela, entre as cidades de Barueri e Osasco; o clima é tenso no local e- moradores atearam fogo em entulho
O fogo atingiu alguns barracos da ocupação (Captura de vídeo)
A Polícia Militar (PM) e homens da Tropa de Choque foram enviados para acompanhar a reintegração de posse da Comunidade Nelson Mandela, entre as cidades de Barueri e Osasco, em São Paulo, onde vivem 10 mil pessoas. O clima é tenso no local – moradores atearam fogo a entulho, provocando vários focos de incêndio, atingindo barracos. O Rodoanel Mário Covas chegou a ficar interditado por 3 horas, mas já foi liberado. A interdição foi determinado pela PM entre as rodovias Castello Branco e Anhanguera, do quilômetro 16 ao 6. Prazo A decisão judicial sobre a reintegração saiu há três meses para que as famílias tivessem tempo de desocupar o local. O terreno tem 200 mil metros quadrados e a Justiça estima que existam 3 mil barracos nesse espaço.Segundo a promotora de Justiça Fernanda Queiroz Karan Franco, laudos comprovaram que o terreno tem restrições ambientais, habitacionais e geológicas que impossibilitam a fixação de residências. Retirada demorada A Polícia Militar prevê que a retirada dos cerca de 15 mil moradores da comunidade Nelson Mandela, em Osasco, levará três dias. A estimativa é do capitão Márcio Souza. "A pressa na retirada aumenta a revolta das pessoas, então previmos isso no nosso planejamento", diz o capitão. A operação de reintegração de posse teve início às 6h desta terça-feira e segue sem feridos. Mais cedo, moradores colocaram fogo em barracos como forma de protesto, mas não houve confronto. O caminhão do Corpo de Bombeiros ainda não controlou alguns focos de incêndio pois não há espaço para o caminhão da corporação entrar na comunidade.A cavalaria, que foi para o local, se retirou da favela por volta das 9h e a polícia coordena a entrada e saída de vans para a mudança. Alguns moradores não sabem para onde levar seus móveis.ComunidadeEm meio à mudança, alguns moradores retiram as fiações, canos, telhas e móveis das redondezas. Cerca de 200 pessoas foram contratadas pela prefeitura de Osasco para fazer o carregamento dos caminhões de mudança. Em alguns casos, os moradores não tem destino definido, como no caso do carteiro Edvan Souza, 47. "O que eu acho errado é deixarem ocupar antes, para depois tirar a gente daqui" reclama Souza.Quando se mudou para a ocupação, há oito meses, ele foi informado pela associação de moradores que o dono do terreno, a empresa Dias Martins S/A Mercantil e Industrial, faria um acordo para vender o espaço à comunidade. Há três meses, a Justiça acatou o pedido da empresa para reintegração de posse.Natural de Ilhéus, na Bahia, ele diz que encontrou pouca oportunidade de emprego em São Paulo, e pensa em voltar. "E a gente ouve dizer que tem direito a moradia, educação e saúde. Está na lei, mas não tem nada disso", comenta o carteiro Souza.RodoanelO Rodoanel Mario Covas foi totalmente liberado por volta das 8h30, depois de três horas fechado nos dois sentidos, mas segue com lentidão do quilômetro 12 ao 10, no sentido Bandeirantes. Para o litoral, tráfego é lento do 10 ao 11. A rodovia foi fechada pela Polícia Militar, entre os quilômetros 16 e 6, na manhã desta terça-feira, a partir das 5h30 para a reintegração de posse do terreno ocupado por moradores da comunidade Nelson Mandela. O Rodoanel só foi totalmente liberado às 8h30. Rodovias Castelo Branco, Anhanguera e dos Bandeirantes ficaram com o trânsito complicado por causa do bloqueio.PedidoDe acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, a reintegração de posse da área conhecida como comunidade Nelson Mandela foi solicitada por Dias Martins S/A Mercantil e Industrial, proprietário da área. Segundo a secretaria, "o terreno de 200 mil m² foi invadido em fevereiro de 2014. Atualmente, há aproximadamente 12 mil pessoas no local, instaladas em cerca de 3 mil barracos de madeira e casas de alvenaria". A SSP informou ainda que a Polícia Militar participou de reuniões com oficiais de Justiça e representantes de órgãos envolvidos na ação, como Conselho Tutelar, Secretaria Municipal de Obras de Osasco, Secretaria Municipal de Assistência e Promoção Social, Ministério Público, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Secretaria Municipal da Saúde, entre outros.