Homicídios com armas chegam a 12,9 por 100 mil pessoas, contra 9,9 no Afeganistão
Revólver apreendido pela polícia após ser usado em ação criminosa (Cedoc/RAC)
O índice de mortes por armas de fogo em cada grupo de 100 mil habitantes em municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) é mais alto do que a média de mortes em países que vivem intensos conflitos armados e estão acostumados a conviver com bombas, tiros e medo. Os dados são do estudo Mapa da Violência 2013: Mortes Matadas por Armas de Fogo, divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), entidades que estudam o comportamento da violência.
Em Campinas, por exemplo, o estudo indica que são 12,9 casos de homicídio com armas por ano a cada grupo de 100 mil habitantes. O dado do município supera, por exemplo, os 9,9 do Afeganistão, país da Ásia que vive em constate guerra, é conhecido por conflitos e mortes nas últimas décadas e já foi considerado o lugar mais perigoso do planeta. O país já teve que se defender de uma invasão da antiga União Soviética, em 1979 e, em 2001, foi ocupado pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro.
O estudo considera que em Campinas foram 413 mortes entre 2008 e 2010 com uso de armas de fogo. O índice supera as 8,3 mortes que ocorrem por cada grupo de 100 mil moradores no conflito Israel/Palestina, também na Ásia, e até os registros da Colômbia, que trava uma intensa luta contra guerrilheiros e traficantes e possui índice de 6,4 mortos com armas por grupo de 100 mil pessoas.
O relatório mostra três principais causas dessa violência a tiro: a facilidade no acesso a armas, a “cultura da violência” atrelada ao tráfico de drogas e organizações criminosas e também a motivação fútil.
Pior índice
O pior índice na RMC é registrado por Monte Mor, com 25,3 homicídios com tiros. Na sequência aparecem Santo Antônio de Posse, com 16, Sumaré, 14,9, e Hortolândia, com 13. Campinas está na quinta posição do ranking. Depois aparecem Indaiatuba, com 8,9, e Jaguariúna, 8,7. Todos esses municípios superam os índices de morte de ao menos seis países que vivem conflitos.
O secretário de Segurança de Monte Mor, Adelício Paranhos, afirmou que a pesquisa divulgada não apresenta números atuais, mas que será levada em consideração nas ações que a Secretaria de Segurança Pública vem a desenvolver no município.
“Há onze anos a cidade possuía o dobro de investigadores e dois delegados. Hoje é apenas um delegado e que também responde por outras cidades. Além disso, temos vários guardas municipais prestando serviços na delegacia para suprir a deficiência de funcionários. É importante que o governo do Estado também faça a parte dele estruturando a delegacia e aumentando o efetivo da PM.”