RMC registrou em abril mais uma queda no número de trabalhadores com carteira assinada: 2.938 demissões
Queda na venda de veículos tem muita influência na economia da região, que abriga diversas montadoras e fornecedoras de equipamentos ( Cedoc/RAC)
A balança do emprego na Região Metropolitana de Campinas (RMC) só aponta para baixo neste ano. Abril registrou novos cortes de trabalhadores com carteira assinada. Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que ocorreram 2.938 demissões no mês passado. No acumulado do ano, ainda há um saldo positivo de 3.104 postos de trabalho formais gerados, bem abaixo dos 13.317 de janeiro a abril de 2014. Estudo realizado pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) apontou que a indústria demitiu 1.709 pessoas. O comércio cortou 783 postos formais. A construção civil dispensou 206 trabalhadores e os serviços reduziram 166 trabalhadores registrados com carteira assinada. A administração pública cortou 91 pessoas e a agropecuária dispensou 50 trabalhadores. Campinas foi a cidade que registrou o maior número de demissões. De acordo com a análise, 1.056 trabalhadores perderam o emprego no mês passado no município. O segundo pior resultado ocorreu em Valinhos com 411 demissões e o terceiro posto ficou com Vinhedo que teve 211 perdas de postos com carteira assinada. Apenas Cosmópolis, com seis postos, e Santa Bárbara d'Oeste, com 58 empregos, apresentaram geração de novas oportunidades de trabalho. “O mercado está muito difícil para todo mundo. As empresas estão dispensando os funcionários mais antigos para cortar custos”, afirmou o operário, Antônio Carlos Silva. Ele foi dispensado há três meses de uma indústria metalúrgica. “A economia está difícil, mas os empregadores aproveitam a crise para enxugar o máximo que podem. Não interessa a qualificação do trabalhador. Na hora de cortar custos e manter lucros, o primeiro que é prejudicado é o trabalhador”, criticou. Silva disse que já entregou vários currículos e até encontrou emprego no mercado. “O problema é que os salários estão baixos e as empresas cortaram os benefícios. Entretanto, as exigências ainda são grandes. O que ainda ser qualificado e ganhar como um aprendiz?”, questionou. Ele comentou que pensa em mudar de área. “No mercado de trabalho, a gente tem que aprender a se reciclar sempre”, ressaltou. MontadorasA queda na venda de veículos tem grande impacto na região de Campinas, que abriga diversas montadoras e fornecedoras de equipamentos. A produção de veículos em maio certamente será menor do que em abril, mas, juntamente com a estabilidade esperada nas vendas, ajudará a diminuir o nível de estoques nos pátios das montadoras e concessionárias, previu na segunda-feira (25) o primeiro vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. Os dados oficiais serão divulgados no dia 8 de junho. O executivo não adiantou números, mas a previsão de uma produção menor em maio ante abril é calcada no maior número de medidas de corte de produção adotadas neste mês pelas montadoras, como férias coletivas e lay-offs (suspensão temporária dos contratos).Megale avaliou ainda que a crise pela qual passa a indústria automotiva brasileira é um momento de atenção, mas não de desespero. Ele ponderou que as crises no setor são “cíclicas” e apostou na recuperação da confiança de investidores e consumidores, após a aprovação do ajuste fiscal. “Temos de ficar atentos, mas não desesperados”, afirmou. Ele ponderou que, apesar da queda de 19,2% nas vendas de veículos novos no acumulado do primeiro quadrimestre em relação a igual período do ano passado, a situação do Brasil ainda é melhor do que a de outros países em épocas de crise.