Mas, aumento é considerado insuficiente diante do atual nível baixo dos reservatórios; especialistas temem que a crise hídrica na estiagem deste ano seja mais intensa do que já foi no ano passado
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) terá que reduzir a retirada de água dos reservatórios dos atuais 13,5 metros cúbicos por segundo (m3/s) para, no máximo, 10 m3/s, a partir de setembro. A medida estabelecendo os limites de vazão de retirada do Sistema Cantareira para o período de 1º de junho a 30 de novembro de 2015 - considerado como período de estiagem - foi anunciada na segunda-feira (25) pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). As Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) terão um acréscimo na liberação de água, passando de 2m3/s para 3,5 m3/s, a partir do dia 1º de junho. O aumento na região, entretanto, é considerado insuficiente diante do atual nível baixo dos reservatórios e os especialistas temem que a crise hídrica durante a estiagem deste ano seja mais intensa do que já foi no ano passado.O superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, afirmou que as obras de interligação entre o Sistema Rio Grande/Biilings e do Alto Tietê devem reduzir a dependência do Cantareira pela grande São Paulo. O cronograma, segundo Borsari, prevê que as obras de interligação entrem em operação a partir do dia 1º de setembro. A medida deverá garantir o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Mesmo com um pior quadro climático - levando-se em conta um cenário 50% mais seco do que a média histórica - a situação do manancial deve se manter estável, em razão da redução da retirada. Em nota, o DAEE e a ANA afirmaram que "estão preocupadas com a preservação e manutenção do complexo, mas sem descuidar do abastecimento público". AmpliaçãoA ampliação para 3,5 m³/s da água destinada às Bacias PCJ pelo Cantareira é considerada positiva, porém a vazão continua sendo insuficiente. Segundo Andréa Borges, gerente técnica do Consórcio PCJ, a região de Campinas ainda deverá passar por grandes dificuldades no período de estiagem. Ela ressalta que a região está no limite de restrição hídrica. "Aqui pelo Consórcio a gente já tem falado há algum tempo que essas vazões são insuficientes para gente passar pelo período de estiagem. Em alguns períodos de estiagem, como em 2011, a gente chegou a utilizar 12 m3/s" . Essa vazão sempre foi considerada a necessária durante a estiagem. Mas com a economia feita pela Bacia do PCJ, em média 20%, a demanda, segundo Andréa, é de 9,6m3/s. Descontando os 3,5 m³/s autorizados pela ANA, o déficit é de 6,1 m³/s. Com o cenário dado pelos limites estabelecidos, Andréa acredita que a crise hídrica deste ano será nos moldes de 2014. "De onde a gente vai tirar os 6m3/s?" , questionou. "No ano passado, a vazão máxima liberada foi de 5m3/s e já tivemos problemas com racionamento. Muitos municípios tiveram que racionar, a agricultura teve uma perda grande na produção, muitas vagas de empregos foram fechadas. Nosso receio com essa resolução é que todos os problemas se intensifiquem", disse. Andréa lembra que em 2013, o Consórcio operava com 30% do reservatório. Hoje, opera com menos 10%. Se diminuir toda a reserva técnica a situação estará mais grave", considerou. Combate ao desperdício O Consórcio PCJ segue com as orientações de contingenciamento para a crise hídrica, entre elas a redução do consumo de água, acelerar o combate ao desperdício nos sistemas de abastecimento, recuperação das nascentes. "Continuamos insistindo nisso e também em ações de desassoreamento dos reservatórios. É importante aproveitar a estiagem e desassorear para conseguir reservar mais água em período de chuva. Também estamos de olho no cronograma de obras prometidas pelo governo do Estado para diminuir a dependência da Grande São Paulo do Sistema Cantareira, que fica na bacia do PCJ. Somos a bacia doadora e temos sofrido muito. Quanto mais São Paulo diminuir sua dependência da nossa região, mais água vai sobrar para a gente em período de estiagem", completou.