MEMÓRIA ||| CRIME PASSIONAL

Reforma traz à tona palco de tragédia

Casa onde mãe de Maitê Proença foi assassinada pelo marido a facadas em 1970 abrigará uma loja

bruno.bacchetti@rac.com.br
22/08/2014 às 05:32.
Atualizado em 27/04/2022 às 07:06

Palco de uma tragédia na década de 1970, a casa onde o procurador de Justiça Augusto Carlos Eduardo da Rocha Monteiro Gallo, pai da atriz Maitê Proença, assassinou a mulher, a professora Margot Proença Gallo, está praticamente demolida. A residência localizada na Avenida Jesuíno Marcondes Machado, na altura do número 70, na Nova Campinas será totalmente reformada para abrigar uma loja. Na parede da casa há uma faixa com os dizeres “aluga-se” e um telefone celular, que estava na caixa postal. A reportagem deixou recado, mas não houve retorno. Segundo os operários que trabalham no local, as paredes internas foram demolidas para o espaço se tornar uma espécie de barracão e o telhado será trocado. A casa ainda não veio totalmente abaixo, mas janelas, portas e tetos já foram removidos. Da antiga mansão no bairro nobre, restaram somente a estrutura e as paredes externas. “Depois que ela morreu, nunca mais nada deu certo naquela casa. Acho que poderia ser feito um bosque ou algo desse tipo para preservar o local”, disse o professor de direito Carlos Alberto Marchi de Queiroz, de 70 anos, que foi aluno de Margot em 1963 e mora próximo da mansão.O crimeO crime aconteceu no dia 7 de novembro de 1970, quando Maitê Proença tinha 12 anos. O pai da atriz, então com 46 anos, suspeitava que a mulher era amante do professor francês Ives Gentilhomme. Professora de filosofia do Colégio Culto à Ciência, Margot na época tinha 37 anos. No dia do assassinato, Gallo se trancou no quarto com a mulher por volta das 16h. Depois de uma discussão, desferiu 11 facadas em Margot, que morreu na hora. Além do casal, estava na casa somente a mãe da vítima. O procurador de Justiça fugiu levando a arma do crime e se apresentou 11 dias depois, mas não foi preso. “A jovem professora foi morta pelo seu marido, dr. Augusto Carlos Eduardo da Rocha Monteiro Gallo, de 46 anos, recentemente nomeado procurador geral do Estado e antigo promotor público em nossa cidade. Se fecharam no quarto e depois de discutirem, desferiu os golpes”, noticiou o Correio Popular no dia seguinte ao crime. Gallo foi julgado duas vezes e absolvido em ambos, sob alegação de que agira por “legítima defesa da honra”. Maitê Proença foi testemunha de defesa, ouvida em plenário do júri. Sua narrativa corroborou a versão do pai e contribuiu para a absolvição. Segundo o livro A Paixão no Banco dos Réus, de Luiza Nagib Eluf e que relata 12 crimes passionais famosos, Maitê disse em seu depoimento à Justiça que “viu o professor (Ives Gentilhomme) dormindo no sofá-cama utilizado pela mãe, na manhã seguinte à realização de uma festa em sua casa, em outubro de 1970”.Após o assassinato da mãe, Maitê foi morar com o irmão em um pensionato luterano, onde ficaram por três anos. Aos 16 anos, morou em Paris, a mando do pai. Gallo casou-se novamente, mas suicidou-se em 1989, quando estava em estado terminal de um câncer.Maitê Proença foi procurada pela reportagem ontem e a assessoria de imprensa da atriz informou que ela está viajando para um lugar onde não pega internet e nem telefone, e que a atriz só volta no próximo dia 27. Proprietário de uma escola de idiomas em Campinas, o irmão da atriz, Renê Proença, também não foi localizado pela reportagem.

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