Os dois profissionais vindos do Nordeste se surpreenderam com as condições da cidade
Roberto Ramos Leitão vai atuar no Centro de Saúde do Jardim Lisa ( Janaína Maciel/Especial a AAN )
Os dois profissionais nordestinos que vieram pelo programa Mais Médicos a Campinas trabalhar em regiões carentes se surpreenderam positivamente com a infraestrutura de Saúde da cidade. Rui Porto Morais, de Fortaleza (CE), e Roberto Ramos Leitão, de João Pessoa (PB), disseram que o município tem mais remédios e equipamentos que as capitais, além de pessoal mais bem qualificado. No entanto, os médicos estão apreensivos com a possibilidade de não receber ajuda de moradia e alimentação da Prefeitura, no valor de R$ 2.090, que complementa o salário de R$ 10 mil. A primeira votação do projeto de lei municipal que concede o benefício será no próximo dia 16.A Secretaria de Saúde reservou dois dias para os médicos do Nordeste e o carioca Henrique Nuss, terceiro profissional do Mais Médicos na cidade, se familiarizarem com as regiões onde irão atender. Nesta sexta-feira (6), eles percorreram áreas de abrangência dos postos de saúde e conheceram outras estruturas de apoio, como unidades de pronto atendimento (UPAs) e centros de atenção psicossocial (Caps). Todos começarão a clinicar na próxima segunda-feira (9). Leitão, que tem 28 anos, vai ficar no centro de saúde do Jardim Lisa, que cobre 6,1 mil pessoas.“A infraestrutura daqui é bem mais adequada do que em postos de João Pessoa. Há uma lista ampliada de medicamentos e possibilidade de fazer exames dentro do centro. A equipe também é melhor qualificada”, disse. Segundo o médico, apesar de a capital paraibana ter grande oferta de médicos, os postos de saúde têm recursos reduzidos. A situação é ainda pior em cidades do interior. “Por isso, muitos médicos aceitam ter carga horária reduzida para não trabalhar em municípios menores, que não têm nem gaze.”Leitão afirmou que alguns usuários que conheceu durante os dois dias se mostraram preocupados com a vinda de médicos estrangeiros. Para o pessoense, o programa do governo federal é importante, mas ele não simpatiza com a vinda de cubanos para atender em regiões onde a rede de saúde é precária. “Cuba não tem mais a estrutura de saúde que já teve um dia. Nossa carga horária na faculdade é mais adequada. As matérias que temos também. Me preocupo com a população que será atendida por eles.”Para o clínico geral cearense, de 29 anos, o que mais chamou atenção no centro de Saúde da Vila Boa Vista, onde irá trabalhar, foi a aparelhagem. “Soube que todas as unidades de saúde de Campinas têm eletrocardiograma. Além disso, os postos têm medicação injetável. Em Fortaleza, nossa lista de injetáveis era muito reduzida.” De acordo com Morais, os fármacos ajudam a fazer alguns procedimentos dentro do posto, sem necessidade de transferência a um hospital. O médico disse ainda que considera bem-vinda a chegada de cubanos, mas afirmou que a prova do Revalida, exame que estrangeiros prestam para exercer a medicina no País, não deveria ser dispensada. “Eu fiz, por curiosidade, provas de anos anteriores. É perfeitamente possível qualquer médico que conheça um pouco a estrutura de saúde brasileira obter a pontuação mínima.”BenefíciosMorais e Leitão disseram que ainda não receberam os auxílios-moradia e alimentação acertados no contrato do programa Mais Médicos. “Cheguei há quase um mês. Ainda não recebemos nada. As contas estão chegando e a reserva de dinheiro que trouxe está indo embora”, contou o cearense, que está morando temporariamente com a mulher em Barão Geraldo. Porém, ele só se apresentou oficialmente pelo Mais Médicos na segunda-feira. A permanência dele na cidade anterior à data da apresentação é por motivo pessoal.Os recursos para os benefícios serão uma contrapartida da Prefeitura, mas o projeto de lei que regulamenta os repasses ainda não foi aprovado pela Câmara. Segundo o líder de governo no Legislativo, o vereador Rafa Zimbaldi (PP), a primeira votação será no dia 16. Uma semana depois, no dia 23, os legisladores devem aprovar o mérito da matéria. “O projeto de lei vai passar com tranquilidade pelo crivo dos vereadores. Nós já conversamos e eles sabem da importância disso para a cidade.”