Editorial

Reflexões sobre o futuro do trabalho

Oportunidade para reflexões sobre o futuro das relações trabalhistas e da inserção do homem como indutor da economia

Correio Popular
01/05/2021 às 21:00.
Atualizado em 15/03/2022 às 20:47

Hoje, 1º de maio, comemora-se o Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho. Embora as duas denominações sejam utilizadas, há diferenças históricas entre elas. A data foi instituída no final do século XIX, após manifestações e conflitos violentos ocorridos durante uma greve geral, que paralisou o parque industrial de Chicago (EUA), no dia 1º de maio de 1886. Anos depois, os franceses decidiram criar o Dia do Trabalhador em homenagem às vítimas da greve de Chicago.

No Brasil, o Dia do Trabalhador foi instituído em 26 de setembro de 1924, com a publicação do decreto 4.859 do então presidente Arthur da Silva Bernardes. Nesse decreto, o então presidente estabeleceu a data como feriado nacional. O objetivo era homenagear os mártires do trabalho e promover a confraternização das classes operárias.

Porém, na era de Getúlio Vargas, a data passou a ser chamada de Dia do Trabalho, deixando o caráter de protesto de lado e assumindo um viés comemorativo. Vargas aproveitou para divulgar a criação de leis e benefícios trabalhistas, como o salário mínimo, instituído em 1º de maio de 1940.

Após a redemocratização do país, a expressão Dia do Trabalhador voltou a ser empregada, pois faz referência ao trabalhador, o merecedor da comemoração. No entanto, algumas correntes ainda preferem chamar de Dia do Trabalho, como exaltação ao ato de criar e produzir bens e serviços em troca de uma remuneração.

Mais de cem anos após a sua instituição, seja Dia do Trabalhador ou do Trabalho, as relações trabalhistas e o próprio capitalismo sofreram mudanças significativas nos últimos 50 anos. As estruturas de outrora já não existem mais. O capital produtivo, a linha fordista de montagem, o operário, o salário, o emprego com carteira assinada e o movimento sindical clássico, deram lugar a uma sociedade onde o capital se financeirizou, a industria se mecanizou e o velho operário migrou para o setor de serviços ou ficou desempregado.

Agora, com a pandemia, comemoramos um 1º de maio atípico: o Dia do Trabalho sem trabalho, marcado pelo isolamento social, fechamento de empresas, demissões em massa, e uma tragédia sanitária sem precedentes na história recente da humanidade.

Que a data seja uma oportunidade para reflexões sobre o futuro das relações trabalhistas, da inserção do homem como indutor da economia, sintonizado com as novas tecnologias e tendências mundiais, como desenvolvimento sustentável, igualdade de gênero e inclusão social. Parabéns, trabalhador!

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