Receituários de pacientes amanhecem no chão

Dezenas de cópias de receituários médicos contendo informações de pacientes e de médicos amanheceram espalhadas pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, entre a Policlínica 3 e o Hospital Municipal Mário Gatti, no Parque Itália, em Campinas.Os receituários são de médicos de várias unidades de saúde de Campinas, cujos medicamentos foram provavelmente retirados na farmácia do Centro de Saude Faria Lima, instalado no local.O caso foi denunciado por funcionários do Centro de Saúde Faria Lima. "Não é assim que se dispõe das receitas. As receitas têm informações sigilosas, como nome do paciente, o remédio prescrito e até o carimbo com as informações do médico. O certo seria passar o material em uma picotadeira antes de dispensar", afirma o servidor que denunciou.Entre as receitas espalhadas pela rua estão a de medicamentos controlados e com datas recentes, como dos meses de maio e abril. "Isso não poderia acontecer. Esse material deveria estar arquivado", contou o servidor.O caso chamou a atenção de quem passava pela rua. "É um absurdo isso. Eu não gostaria de ver uma receita minha com meu nome espalhada pela rua. É muito relaxo", comentou a dona de casa Jacira Gomes.Um homem que caminhava pela rua se deparou com uma das receitas e estranhou. "Ele veio entregar o documento na unidade", afirmou outro servidor que também recolheu as receitas que estavam espalhadas pela rua.Há receitas assinadas por médicos do Hospital Celso Pierro, Mário Gatti e do Hospital de Clínicas da Unicamp. Em alguns casos, foram dispensados as cópias originais da receita, contendo todas as informações sobre o tratamento dos pacientes.A Secretaria de Saúde confirmou, por meio da assessoria de imprensa, que as receitas médicas estavam no CS Faria Lima. Segundo a pasta, os documentos foram descartados equivocadamente por um trabalhador do local na última terça-feira (10).Uma portaria municipal da Secretaria de Saúde, de 6 de setembro de 2001, determina que a primeira via da receita deverá ser devolvida ao paciente e a segunda via deverá ser retida no dispensário e arquivada por seis meses.Após esse prazo, a receita deve ser descartada de forma que não seja possível identificar o destinatário e o prescritor da mesma."Ao contrário do que é determinado, as receitas foram acondicionadas em caixa de papelão com a identificação de pacientes e médicos e colocadas na lixeira. Assim que percebido o erro, no mesmo dia, os profissionais do local recolheram as receitas para realizarem o correto descarte", informou nota enviada à imprensa.A coordenadoria do Distrito Sul orientou os profissionais sobre como proceder para o descarte das receitas e afirmou que irá abrir sindicância para apurar os fatos.