CARLO CARCANI

Raphael Claus, um árbitro exemplar

Carlo Carcani
24/02/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:56
ig-carlo-carcani (AAn)

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No clássico entre Palmeiras e Corinthians, pelo Campeonato Paulista, o árbitro Raphael Claus expulsou Cássio aos 12’ do 2º tempo. O Timão vencia por 1 a 0 e o goleiro, sempre que possível, dava um jeito de ganhar um tempinho. Pouco antes da expulsão, Cássio recebeu um cartão amarelo por retardar o início do jogo. Como no Brasil quase ninguém é expulso por isso, ele continuou fazendo cera, com a certeza de que não receberia outro cartão pelo mesmo motivo. Mas Raphael Claus, vejam só, resolveu cumprir a regra. Apenas quatro minutos depois de advertir o goleiro alvinegro pela primeira vez, deu um novo amarelo e o consequente vermelho. Cássio saiu de campo indignado, reclamando muito e falando repetidas vezes para Claus que ele queria aparecer. Na verdade, o árbitro apenas cumpriu a regra que 99% de seus colegas de apito preferem ignorar. Cássio não foi a única vítima do rigor de Claus. No jogo Mogi Mirim x Penapolense, pela 5ª rodada, ele expulsou Victor Hugo, do time da casa. O Mogi vencia por 2 a 1 e, já nos acréscimos, o jogador do Sapão estava com a bola a seus pés, pronto para cobrar uma falta. Antes da cobrança, para ganhar alguns segundos, ele disfarçou e chutou a bola para longe. Raphael Claus viu e lhe mostrou o segundo cartão amarelo, por retardar o jogo. Quantos árbitros tomariam a mesma decisão? Poucos. E é por isso que os jogos no futebol brasileiro têm uma média muito baixa de bola rolando. A Fifa considera que uma partida deve ter pelo menos 60 minutos de bola em jogo. Dos 90 jogos das nove primeiras rodadas do Brasileirão de 2014, apenas quatro atingiram essa marca mínima. Uma partida (Vitória 0 x 1 Sport) teve apenas 34m42s de bola rolando. Um absurdo. É claro que nenhum time que está em vantagem no placar precisa repor a bola em alta velocidade só para agradar o público e a Fifa. Mas penar a bola “sem querer”, enganar e desafiar o árbitro, demorar para cobrar um lateral ou tiro de meta, simular contusão e dar um salto da maca para voltar logo ao campo e outras práticas antidesportivas não podem ser toleradas pela arbitragem. Não adianta pedir aos atletas que não façam cera porque isso prejudica o espetáculo. Eles estão em campo para vencer e farão o que for necessário para isso. Um árbitro como Raphael Claus cumpre a regra e valoriza o espetáculo. No dia que todos adotarem o mesmo critério, o torcedor brasileiro verá mais futebol cada vez que for ao estádio. Claus é um exemplo para seus colegas do apito.

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