Coluna publicada na edição de 23/2/18 do Correio Popular
Nos últimos anos, o São Paulo só conseguiu se vangloriar da frase “time grande não cai”, numa referência a sua capacidade de ser um clube que ainda não amargou um rebaixamento para a Série B do Brasileiro. Se não for capaz de evoluir e voltar a alcançar feitos compatíveis com a sua história, logo o Tricolor terá que procurar outra frase para celebrar. Soberano no início do século, o São Paulo vive um período de seca. Nas últimas nove temporadas, conquistou apenas uma edição da Copa Sul-Americana, em 2012. No mais, raramente consegue emplacar uma boa campanha. E 2018 começa com um desempenho ruim no Paulistão. Apesar de liderar o Grupo B com 10 pontos, a presença nas quartas de final é incerta, já que a diferença para o São Caetano, último colocado da chave, é de apenas três pontos. Na classificação geral do campeonato, o Tricolor aparece em 9º lugar. Além dos três rivais, está atrás também de São Bento, Novorizontino, Botafogo, Ituano e Red Bull. A distância para a zona de rebaixamento é de três pontos. A crise se agravou após a derrota de domingo no clássico com o Santos e explodiu com o revés de quarta-feira, desta vez diante do Ituano, time que tinha apenas uma vitória no campeonato. A pressão, como sempre acontece, cai nos ombros do técnico. Dorival Júnior, contratado no início de julho, tem sim uma parcela de culpa pelas performances pobres da equipe. Mas a diretoria, como acontece há tempos, também vem errando muito. O Tricolor contratou Tréllez e Nenê em um momento no qual Dorival pedia outros atletas, de características diferentes. Nem todas as contratações precisam ter o aval do treinador, mas é necessário ter um mínimo de sincronia entre diretoria e comissão técnica. A torcida e alguns dirigentes querem a cabeça de Dorival. Pode ser que ele resista por mais tempo, mas com resultados ruins e atuações medíocres dificilmente completará um ano de clube. O certo é trocar? Quem precisa chegar a uma conclusão sobre isso e dar um rumo para a diretoria que de soberana não tem mais nada é Raí. O fato de ter um ídolo na função de diretor de futebol não faz do São Paulo um clube melhor. Raí precisa ser eficiente, tomar decisões corretas e costurar um entendimento entre diretoria e comissão técnica. Seus gols e títulos pelo São Paulo não vão gerar novas vitórias. O São Paulo está perdido e é de Raí a missão de deixar a casa em ordem.