Todas as formas utilizadas para o disciplinamento do trânsito e o gerenciamento do fluxo de veículos servem como instrumentos para a garantia da segurança de motoristas, passageiros e pedestres, em uma tentativa de ordenamento que passa pela experiência acumulada e pelos conceitos técnicos incorporados. As regras de trânsito seguem um padrão global e as maiores diferenças ficam por conta de aspectos culturais e o nível de cidadania da população.
Para conter os abusos e os atos indisciplinados que levam à insegurança, existem os meios de educação para o trânsito e a fixação de normas para manter a harmonia nas ruas e estradas, sem prejuízo do fluxo de veículos. Quanto menos ciosas de suas obrigações em relação às regras de trânsito, as pessoas acabam criando a necessidade de medidas punitivas, com a aplicação de multas e a dispersão de aparelhos de radar em pontos estratégicos que visam a redução da velocidade.
É verdade que dos motoristas se deve exigir sempre atenção redobrada. E que também, em teoria, somente são multados os que não seguem a lei. Mas é perceptível em alguns casos a má fé no caso da colocação dos radares. Assim, a decisão da Administração municipal de reduzir o número de equipamentos em Campinas parece definir um conceito que vinha sendo requerido, o de se usar os radares em locais e situações reais de risco, punindo apenas os que abusam ao volante. (Correio Popular, 10/4, A14).
Não demorou muito para que os instrumentos — que deveriam ser exclusivamente dedicados a manter pontos seguros e educar os motoristas e pedestres — se tornassem em fonte de arrecadação para as empresas e municípios que exploram o serviço. Além de se multiplicarem desordenadamente, muitas vezes implicam em dissimulações que acabam como verdadeiras pegadinhas, aproveitando-se da confusão do trânsito para flagrar infrações. Assim é com a fixação de marcas de velocidade máxima em vias, que podem se alterar de uma quadra a outra.
Deve-se buscar a infraestrutura mínima de organização de vias públicas, eliminando pontos de atrito e risco, também responsáveis por provocarem acidentes. A sensatez da medida deve vir acompanhada ainda de verdadeiro trabalho de educação e conscientização de motoristas e pilotos, que passa por outros aspectos no trânsito, como estacionamento irregular, conversões perigosas, desrespeito ao espaço dedicado aos pedestres, e outros tantos que acabam transformando o tráfego em uma penalização.