Saúde

Quem tem medo de sal?

Uma pitada de conhecimento sobre os diferentes tipos de sais prova que é possível incluí-los numa dieta saudável; o segredo é a quantidade e a escolha adequada entre as variações do produto

Thaís Jorge
14/04/2015 às 15:10.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:51
Segundo a OMS, ingestão diária de sal não deve ultrapassar os cinco gramas (Istock)

Segundo a OMS, ingestão diária de sal não deve ultrapassar os cinco gramas (Istock)

De sua importância histórica e social como conservante para alguns alimentos a condimento indispensável nas refeições, o sal vem se tornando um dos maiores vilões da saúde quando o assunto é alimentação. O maior motivo é a alta utilização que o brasileiro faz do produto e, consequentemente, do sódio, elemento responsável por uma grande parte dos malefícios ao organismo. De acordo com a nutricionista Bruna Mello, a quantidade ideal de consumo diário de qualquer tipo de sal, tomando como referência dados da Organização Mundial da Saúde(OMS), é de cinco gramas, o que corresponde a dois gramas de sódio. Porém, a ingestão média de sódio pelos brasileiros é de 12 gramas por dia. A nutricionista explica que o sal de cozinha é um dos alimentos que mais contêm sódio. Ela informa que outros produtos, como embutidos e industrializados, também carregam uma grande quantia da substância. "A quantidade de sódio dos produtos, no geral, precisa ser multiplicada por 2,5 para que se atinja o equivalente em sal de cozinha", conta. "Um alimento industrializado com 500 miligramas de sódio representa 1,25 grama de sal", diz. Por isso, ela orienta que haja uma adequação no consumo tanto dos alimentos industrializados, como do próprio sal. "Utilize outros temperos para realçar o sabor dos alimentos, como alecrim, orégano, açafrão, cominho e tomilho", sugere. Fato é que abolir totalmente o condimento sem comprometer o sabor da refeição é impossível. A boa notícia, no entanto, é que além do sal refinado comumente utilizado à beira do fogão, existem variações. Uma delas, inclusive, tem ausência total de sódio, mas deve ser utilizada apenas com orientação médica. O sal light, com baixo teor do elemento, é outra opção. "De qualquer maneira, é importante que o uso de qualquer produto seja comunicada ao médico ou nutricionista que acompanha o paciente", orienta Bruna, já que o que faz um efeito positivo no organismo de alguém pode não ter o mesmo resultado em outra pessoa. Você precisa saber...  Valorizado como moeda no passado e presença sempre requisitada na mesa brasileira, o sal pode ser consumido em diversas variações, de acordo com as preferências e necessidades de cada um. O que é certo é que a vida não teria a mesma graça sem ele. A pedido da Metrópole, a nutricionista Bruna Mello preparou uma espécie de dossiê com a ficha completa de cinco tipos da substância, explicando sobre a composição de cada um, sua utilização e a função desempenhada no organismo. Foto: Istock Uso moderado promove sabor sem comprometer a saúde Sal marinho O sal marinho é um sal grosso, porém moído de forma rústica. Ele não passa pelo processo de refinamento, garantindo em sua composição nutrientes como flúor, cálcio, magnésio e iodo natural. Não contém aditivos, mas apresenta uma quantidade de sódio próxima ao sal refinado. Pode ser utilizado em quantidade menor do que o sal refinado comum, porque tem sabor mais forte. Além disso, é uma forma simples de aumentar o consumo de minerais. Em um grama de sal marinho há 420 miligramas de sódio. Sal light O sal light tem 50% de cloreto de sódio (NaCl) e 50% cloreto de potássio (KCl). É indicado para quem precisa diminuir a ingestão de sódio, como pessoas que retêm líquidos, os hipertensos. Deve ser evitado por quem sofre de doença renal, pois essas necessitam de ingestão de potássio regulada. O sal light possui sabor mais suave, mas não deixa de salgar os alimentos. Se optar por substituir o sal refinado por essa versão, lembre-se que ela deve ser utilizada nas mesmas quantidades que o sal comum (não deve ser consumida em excesso por ser light). Em um grama de sal light há 197 miligramas de sódio. Sal rosa do Himalaia O sal rosa não passa por grande processo industrializado e tem essa cor devido ao alto índice de minerais em sua composição, o que mostra sua pureza e o altíssimo valor nutritivo como fonte de magnésio, cálcio, potássio e ferro, entre outros que caracterizam o sabor metálico, porém suave do alimento. Pode ser empregado em carnes, aves, peixes, saladas e legumes. Também cai muito bem na finalização e decoração de alguns pratos. Em um grama de sal rosa do Himalaia há 230 miligramas de sódio. Sal refinado O sal refinado passa por um processo de refinamento no qual, por meio da adição de substâncias químicas, é branqueado e fica mais soltinho. Sua aparência é melhor, mas não suas propriedades nutritivas, já que, no processo, muito de seu valor nutricional é perdido e parte das substâncias químicas permanece no produto. Formado por cloreto de sódio (mistura de cloro e sódio), é muito usado no dia a dia como condimento, realçando o sabor dos alimentos, e também como conservante. Em um grama de sal refinado há 400 miligramas de sódio. Flor de sal Translúcidos, os grãos são conhecidos por conferir textura crocante às preparações. Contém muito sódio, mas também é rico em magnésio, iodo e potássio. Para não perder sua capacidade de deixar os pratos crocantes, recomenda-se que seja adicionado após o preparo das receitas. Em um grama de flor de sal há 450 miligramas de sódio. Salgante É comprovado que a restrição de sódio promove a redução dos níveis da pressão alta. Com zero de sódio, o salgante é o mais indicado para hipertensos. Já disponível no Brasil, sua base é composta por cloreto de potássio. Segundo estudo, a cada 0,6 grama dessa substância, houve uma redução de 1mmHg dos níveis pressóricos. Dietas ricas em potássio exercem efeito positivo no tônus vascular pela redução da pressão arterial. Pode ser utilizado em diversos alimentos, mas não deve ser submetido a temperaturas acima de 180ºC, pois seu sabor pode ser modificado. Deve ser evitado por pessoas com problemas renais, como insuficiência renal, pois essas necessitam de ingestão regulada de potássio. Alternativas Além da variedade de tipos de sais, ainda é possível recorrer a outras opções que se encaixem melhor na dieta e no estilo de vida. A salicórnia, que começa a ser comercializada pela Bombay no Brasil, é uma delas. A planta, que cresce naturalmente nas salinas costeiras do Mediterrâneo e assim absorve muito sal do mar, pode ser utilizada para salgar os alimentos. Conhecida como erva-salada ou sal verde, apresenta 189 miligramas de sódio a cada dois gramas de produto (uma quantidade considerada baixa). A salicórnia em pó substitui o sal, mas tem um fundo de erva no sabor. Já a versão em conserva traz um gosto residual de mar. Para os que não podem ou não querem consumir o cloreto de sódio, o No Salt, da mesma marca, é outra dica útil. O tempero é produzido a partir de mais de 14 ervas, especiarias e legumes. Na versão granulada, a indicação é utilizar o produto durante o preparo da receita. Já no formato em pó, pode ser polvilhado nos pratos finalizados. Agradecimentos As fotos dos sais foram produzidas na loja Cambuí Store. Todos os sais foram cedidos pela Amaryllis Produtos Naturais e Dietéticos. Cambuí Store - (19) 2517-1096 Amaryllis Produtos Naturais e Dietéticos - (19) 3243-5982

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