Há três ou quatro semanas, o ambiente no Real Madrid era péssimo e o noticiário estava repleto de más notícias: “O elenco não suporta Mourinho”, “Mourinho vai sair no final da temporada”, “Cristiano Ronaldo está triste e quer sair”, “Cristiano Ronaldo critica a mulher de Casillas” e por aí vai.
No rival Barcelona, o cenário era inverso. “Barcelona lidera e quebra recorde no Espanhol”, “Messi marca dois gols e supera recorde”, “Messi marca dois gols e iguala outro recorde”, “Cristiano Ronaldo faz três gols, mas Messi marca quatro” e por aí vai.
Tudo isso mudou em duas semanas. O Real eliminou o Barcelona na semifinal da Copa do Rei (3 a 1, no Camp Nou) e, dias depois, mesmo com alguns reservas, voltou a vencer o líder do Espanhol (2 a 1, em Madri). Com a confiança nas alturas, os merengues foram ao Teatro dos Sonhos e eliminaram o Manchester United da Liga dos Campeões. O adversário era favorito, jogava por um empate sem gols e ainda saiu na frente. No final, deu Real: 2 a 1.
É muito provável que Mourinho deixe o Bernabéu no meio do ano, talvez o Real nem ganhe a Copa do Rei e cinco jogos difíceis ainda o separam do cobiçado título da Liga dos Campeões. Ainda assim, o ambiente no clube é outro. A tristeza de Cristiano Ronaldo agora fica por conta do gol que marcou contra o ex-clube. Maradona não sai de sua casa e ainda posa para fotos segurando um cartaz onde se lê que “CR7 é melhor do que Messi”.
Mourinho, esse poço de humildade, afirma que o Manchester jogou melhor, mas que o futebol é assim. Antes disso, o polêmico treinador ainda tirou fotos no vestiário celebrando a inesperada vitória por 3 a 1 sobre o Barça.
No Camp Nou, o noticiário também mudou, apesar de o título espanhol já estar virtualmente nas mãos do clube. Mas ao invés de recordes, vitórias e favoritismo, os assuntos são outros. “É como se tivéssemos saído da Disney para a Casa do Terror”, resumiu Mascherano. O temor de uma eliminação precoce na Liga dos Campeões é enorme (para impedi-la, terá que vencer o Milan por três gols de diferença), o técnico Tito Vilanova balança no cargo, apesar de estar afastado por motivo de saúde, os jogadores estão visivelmente incomodados com as cobranças da torcida e da imprensa e tudo pode piorar se o time não voltar a ser o que era no duelo com os italianos.
Tudo isso mostra que, independentemente da grandeza, da qualidade ou do retrospecto do clube, quem escreve as notícias do dia a dia é a bola. Quem consegue colocá-la na rede no domingo tem uma semana de noticiário positivo ou ao menos ameno, dependendo da fase do time. Mas se a bola não entrar em dois ou três jogos seguidos, então as más notícias virão à tona, mesmo em um clube supercampeão como o Barcelona.