DESCASO

Queda de muro histórico traz risco a pedestre

Construção faz parte do primeiro estádio da Ponte Preta, em Campinas, e deve ser tombado

Patrícia Azevedo
06/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:13
Maior problema é que quem passa pela rua corre o risco de cair, porque não há uma proteção que evite a queda ( Carlos Sousa Ramos/AAN)

Maior problema é que quem passa pela rua corre o risco de cair, porque não há uma proteção que evite a queda ( Carlos Sousa Ramos/AAN)

O descaso com o patrimônio histórico de Campinas está colocando moradores do Cambuí e pedestres que circulam pela Rua Guilherme da Silva em risco. Há mais de dois meses um pedaço do muro do primeiro estádio da Ponte Preta cedeu e despencou de uma altura de cerca de cinco metros na Rua Alferes Domingos. Mas o maior problema é que quem passa pela rua corre o risco de cair da mesma altura porque não há uma proteção que evite a queda. “Aqui tem sempre criança, é muito perigoso. Algo precisa ser feito urgente”, disse o analista administrativo Gabriel Soler.A única medida visível adotada pela Prefeitura de Campinas para proteger o local foi a colocação, pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) de uma faixa plástica de sinalização e um cavalete. “Isso não impede ninguém de cair ali, está muito perigoso”, comentou a dona de casa Francisca Soares.Apesar da queda ter ocorrido há mais de dois meses, os os escombros permanecem depositados na Rua Alferes Domingo. “É um descaso porque todo material ainda não foi retirado de lá. Ou seja, ninguém fez nada para resolver a situação”, reclamou a secretaria Sílvia Alencar. O local está se transformando em um depósito de lixo, às margens do patrimônio histórico.O muro é o que sobrou da estrutura do primeiro centro poliesportivo da Ponte Preta e está com o processo de tombamento junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). O pedido de tombamento foi feito por um grupo de pesquisadores do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).A construção é de alvenaria, tem 65 metros de comprimento e altura que varia de 0,90 metro na parte mais baixa, a cinco metros na mais elevada. Ele era parte do antigo estádio da Associação Atlética de Campinas de 1921 até 1927, quando passou para propriedade da Associação Atlética Ponte Preta (AAPP). Essa praça esportiva foi demolida em 1933, depois de a Ponte Preta ter realizado 75 partidas naquele campo.No espaço da sede administrativa e esportiva da AAPP — que se estendia pela Avenida Júlio de Mesquita, Rua Guilherme da Silva, travessa Irmãos Bierrenbach e Praça 15 de Novembro — havia piscina para a prática de pólo aquático e natação, rinque de patinação, pista e tanque de areia para saltos, campo de basquete, campo de futebol e uma pista circular para atletismo.Muitos dos pedestres que passam diariamente pelo local não têm ideia de que o muro abriga tanta história. “Eu não sabia da importância do muro. Seria necessário, então, que a Prefeitura tomasse mais cuidado para preservar o patrimônio”, comentou a dona de casa Silvana Soares.A Secretaria de Serviços Públicos, responsável pelo reparo de prédios e espaços públicos, enviou na tarde desta quinta-feira (5) uma equipe da secretaria e da Defesa Civil para estudar o que deve ser feito. A Emdec também foi ao local para reforçar a sinalização. Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, o Condepacc enviou um ofício à secretaria detalhando como deve ser feita a recuperação do muro. Os reparos começam ainda nesta sexta-feira (6).

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