A pandemia da covid-19 reacendeu o antigo debate em torno do desequilíbrio ambiental e suas conseqüências para a vida no planeta Terra. O coronavírus é um patógeno que vivia restrito ao ecossistema de animais silvestres e, sabe se lá como, mudou de endereço e passou a infectar a nossa espécie.
A ciência estuda e demonstra as complexas cadeias alimentares construídas ao longo do tempo. A explosão demográfica do planeta nos últimos 100 anos e o impacto ambiental decorrente dela, produziu abalos profundos neste ajustado e perfeito equilíbrio do ecossistema.
Nossa edição de domingo abordou um tema que mobiliza a opinião pública, principalmente os ambientalistas: os zoológicos. O significado da palavra é simples: são três termos de origem grega (zoom, logia e ico) que juntos formam a expressão "local para estudo de animais".
Em teoria soa bem, mas a prática é outra. Os zoológicos, em sua maioria, são locais de entretenimento e encarceramento de animais. Um parque de diversões repleto de "brinquedos vivos" que sofrem, sentem dor e se deprimem. Tudo bem, algumas espécies podem ser salvas nesses ambientes, se bem cuidados. É verdade, mas outras tantas morrem confinadas, vítimas de maus-tratos.
Em Campinas, o único zoológico funciona no Bosque dos Jequitibás há décadas. Várias gerações, crianças em sua maioria, se divertiram com animais de grande porte, alguns carnívoros, que deveriam estar soltos na natureza caçando. É fato que há 20 anos, o Bosque não recebe substitutos para os que morrem. Entretanto, protetores comemoraram a proposta do vereador Paulo Bufalo (Psol) de acabar de vez com o zoo.
A ideia empacotada em um projeto de lei tramita na Câmara. Com o fim do zoo, os animais seriam transferidos para um santuário, um terreno onde pudessem viver livres, porém sob a vigilância de cuidadores. Por razões técnicas, a Prefeitura vê com ressalvas a proposta. Em que pesem as questões operacionais a serem resolvidas, o projeto está absolutamente correto do ponto de vista do seu mérito e fundamento ambiental.
Não se pode conceber que animais silvestres, de qualquer porte, vivam hoje confinados em jaulas ou pequenos espaços a satisfazer os olhares curiosos dos homens. Pior ainda se forem animais estranhos à fauna brasileira.
Que se viabilizem as condições necessárias para a transferência dos animais, e que se encerre de vez as atividades do zôo do Bosque dos Jequitibás.