Quanto vale o jogo de R$ 1 milhão?

A Ponte Preta vendeu o seu mando de campo do jogo contra o Palmeiras, pela 11ª rodada do Brasileiro. Ao invés do Majestoso, vai “receber” o Porco na Arena Pantanal. Fará isso em troca de R$ 1 milhão, valor bem maior do que alcançaria se jogasse em seu estádio. Foi uma decisão tomada com base em critérios financeiros. Para fazer uma boa campanha, é fundamental que o clube cumpra suas obrigações e esse valor vai colaborar para isso. Ainda assim, acho que a Ponte não deveria ir à Cuiabá. Um motivo para a Ponte não abrir mão de jogar em casa é técnico. Estatisticamente, a chance de vitória é muito maior no Majestoso, já que, por ser um time grande, o Palmeiras terá mais torcida do que a Ponte na Arena Pantanal ou em qualquer outro estádio do País. No último Brasileirão que disputou, em 2013, a Ponte Preta venceu nove partidas. Desse total, seis foram no Majestoso, três foram como visitante. Em 2012, foram 12 vitórias, nove em Campinas e três fora. É evidente que a Ponte pode vencer o Palmeiras em Cuiabá, mas os números são incontestáveis: em casa, as chances são bem maiores. A Ponte, portanto, corre um risco técnico ao vender seu mando por R$ 1 milhão. E ninguém pode saber qual será o valor de três pontos nas rodadas finais de um campeonato tão duro. Esse milhão vai ajudar a Ponte em 2015, mas muito mais importante do que levantar essa quantia é se manter na divisão de elite, na qual a cota de TV é dez vezes maior do que na Série B. Faturar R$ 1 milhão é muito bom e quem já ganhou do Palmeiras no Allianz Parque pode perfeitamente repetir a dose na Arena Pantanal. Mas essa história tem um outro personagem muito importante — ou que pelo menos deveria ser tratado como muito importante. Trata-se do TC10+, aquele torcedor que todos os meses (inclusive os sem futebol) paga sua mensalidade para ter o direito de ver todos os jogos da Ponte Preta no Moisés Lucarelli. Na verdade, a Ponte já vendeu todos os seus jogos para cada um de seus sócios-torcedores. Não me parece justo vender o que é deles, mesmo que por R$ 1 milhão. No Torcidômetro do Movimento por um Futebol Melhor, a Ponte aparece com 10.661 sócios-torcedores. Se dobrar essa marca, poderá arrecadar cerca de R$ 1 milhão também. Por mês. Mas não é prometendo área exclusiva num setor nobre da arquibancada (e depois mudando de ideia) e nem vendendo mando para os adversários que a Macaca vai conseguir isso.