Conhecer outro país e outra cultura é o desejo de vários estudantes, confira algumas histórias de quem conseguiu realizá-lo
Viajar. O verbo que representa a vontade de estar em outro lugar. Estudar. O verbo que mostra a busca por conhecimento. Juntos formam a palavra intercâmbio, que une a paixão de quem gosta de viajar com a experiência de poder estudar outra língua e mais, descobrir uma nova cultura. Segundo pesquisa da Belta (Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais) em 2012 cerca de 250 mil brasileiros foram estudar fora do país e este mercado está se expandindo.Conforme lista divulgada recentemente pelo site Viaje Aqui, um dos destinos favoritos dos estudantes é o Canadá, devido a vários fatores como: custo, facilidade para obter o visto, hospitalidade, segurança e qualidade das Escolas. Seguido pelos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. E expandindo mais a classificação conta com Irlanda, Nova Zelândia, África do Sul, Suíça, Espanha e Alemanha.Indo contra a preferência da maioria dos estudantes de intercâmbio, o advogado Felipe Silva, de 26 anos, escolheu Dublin como destino de seus estudos. Após frustar-se com o mercado de trabalho, optou pelo país localizado na Grã-Bretanha pela facilidade de obtenção do visto e ficará por lá durante o ano de 2013. '' Escolhi vir para a Irlanda por ser mais fácil a obtenção do visto, pois é necessário apenas cumprir os requisitos impostos pela Imigração. Além disso, é permitido trabalhar de acordo com a carga horária estipulada entre o seu período de aula e o de férias (meu visto é de um ano sendo 6 meses de aula e 6 meses de férias) e por se ter a comodidade de poder conhecer grande parte da Europa devido a sua localidade. Estou adorando.''Um dos fatores considerados por quem vai para fora do país está na oportunidade de melhorar a fluência em um idioma. Alguns dos viajantes escolhem locais onde a facilidade de adaptação pode ser maior e a descoberta de novos sotaques de uma mesma língua fazem a diferença. Caso do empresário Lucas Rossi, 24 anos, que escolheu a Alemanha e alguns países que falam inglês como destinos. '' Pelo fato de eu ter estudado a língua alemã e americana, quis conhecer de perto os sotaques, as culturas e os locais onde elas são faladas. Por isso fui para Berlin e Frankfurt, na Alemanha, onde fiquei por 6 meses. Depois para Kansas, Boston e Nova Iorque, nos Estados Unidos, por 5 meses. Sydney e Melbourne, na Austrália, por mais 5 meses e por fim Toronto e Vancouver, no Canadá, onde fiquei somente 1 mês. Com isso, aprendi muito sobre cada região e cultura'', conta.Nem tudo são floresEntretanto, não serão somente boas experiências que o intercambista poderá encontrar. Saudade da família e não adaptação a culinária são os fatores que mais os amedrontam e os fazem repensar se a tentativa vale a pena. A educadora física Najara Sousa, de 28 anos, sabe muito bem disso. Durante seis meses fez intercâmbio, em Kissimmee, cidade próxima a Orlando, no Estado da Flórida - EUA, e ficar longe de casa comendo fast-food não foi um hábito muito saudável. " Eu não dominava a língua. No começo foi bem difícil. Senti muito a falta da minha família, amigos e da comida brasileira. Você tem muitas opções, mas a maioria não tem qualidade, muito fast-food, ou como dizem trash-food. É muito barato, muito gorduroso e nada saudável, e o pior todos têm acesso com muita facilidade, porém pode causar algum problema no futuro.''Além deste, a escolha de um bom seguro saúde deve ser incluído no pacote. Najara e Felipe passaram pela mesma situação, ficaram doentes longe de casa e tiveram que recorrer a ajuda de médicos estrangeiros. Ambos relataram que os doutores vêm no seu local de hospedagem, trazem as informações que foi passado a eles por computador no ato do chamado e orientam como o paciente deve proceder. " Contraí aquela bactéria que come carne humana, em questão de horas estava com uma baita infecção. O médico veio muito rápido e no mesmo dia já estava com a medicação'', conta a intercambista. Já Felipe, frisou a seriedade das farmácias do exterior que liberam o medicamento na quantidade exata e somente com receita: "Eu sabia que estava com faringite, mas aqui não se pode comprar medicamento sem a receita médica. Diferente do Brasil, o remédio é vendido de acordo com o número de comprimidos receitados e não uma caixa fechada para você guardar para depois, é tudo muito controlado."Por outro lado, Najara diz que tirando alguns aspectos negativos, a oportunidade de estar em um país de primeiro mundo enriqueceu sua forma de pensar: " Em relação a infraestrutura, é outro nível. Hospitais, supermercados, shoppings, trânsito, limpeza são simplesmente fora da realidade de quem vive em um país como o nosso. E também você tem acesso a tudo, coisas materiais, eletrônicas, entre outras. É de enlouquecer qualquer consumista. (risos)."Amizades para a vida inteira
E ao considerar o que a experiência trouxe de bom para a vida dos entrevistados, quase que como unanimidade, foi poder conhecer e fazer amizade com pessoas de cada canto do mundo. Os novos conhecimentos fizeram com que eles quebrassem alguns paradigmas pelos quais estavam acostumados e os fizeram aprender que toda cultura é única. "Em todos os lugares, conheci muita gente bacana, de diferentes partes do mundo, que estavam lá pelo mesmo motivo que eu. Carrego comigo até hoje, experiências que achei que nunca ia viver, de viajar e me divertir muito, foi especial.", empolga-se Lucas. Já Najara enfatiza as diferentes culinárias '' Vou guardar pra minha vida inteira a convivência com pessoas de outros países, pois conheci pessoas do mundo inteiro. É indescritível aprender uma cultura nova, além de ter oportunidade de comer as comidas diferentes e deliciosas deles". E para Felipe, o intercâmbio está proporcionando uma chance acima de sua expectativa:" Estou conhecendo a verdade cultural sobre cada país por meio do olhar de quem realmente vive nele, e isto é incrível " .
Dicas para quem vai fazer intercâmbio
Preço - Programe-se com antecedência. É necessário preparar-se com seis meses a um ano de antecedência. Assim, o jovem tem bastante tempo e pouca pressa para tirar passaporte (muitos países exigem visto), para estudar a cultura local e comparar os melhores preços, passeios e oportunidades;
Idioma - Conheça ao menos o básico do idioma. Se não souber, no mínimo, algumas palavras-chave, é importante estudar muito antes do embarque. Não chegar totalmente “leigo” no idioma ajuda o viajante a se integrar de maneira mais rápida com o novo meio cultural;
Local - Escolha um destino que combine com a sua personalidade. Opte por aquele país que desperte paixão pela exploração, não só do idioma, mas também da cultura, pessoas e histórias;
Segurança - Não leve sustos. Escolha uma agência de renome e de referência. Empresas que estão consolidadas no mercado possuem a credibilidade necessária para uma boa prestação de serviços e auxílio; confira se a agência escolhida é associada à Belta (Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais) e à Abav (Associação Brasileira de Agência de Viagens). E, principalmente, pegue referências de amigos que já viajaram pela empresa.
Acomodações - Quanto às acomodações, deve ser escolhida aquela que é melhor ao perfil do estudante. Casas de família proporcionam maior contato com o cotidiano e as situações enunciativas, entretanto, regras deverão ser respeitadas. Caso o estudante não se dê bem em morar com uma nova família, as residências estudantis são uma boa opção, onde, inclusive, ele poderá aproveitar uma maior integração com estudantes de outras nacionalidades. Ainda há a opção, para quem pretende investir mais na viagem, de alugar um flat ou apartamento.
Traslados - Algo simples, mas não menos importante, é a locomoção do aeroporto ao local de hospedagem. Por estar em um país muitas vezes ainda desconhecido, é recomendado aos menores de idade que contratem um traslado, ou faça uso de um táxi, que pode sair mais barato. Ainda há uma opção ainda mais econômica, que seria utilizar o transporte público coletivo da região.
Seguro saúde - Questões de saúde precisam ser pensadas, uma vez que problemas de saúde podem impedir que o estudante viaje. Para este caso, veja o que o contrato diz sobre o cancelamento da viagem. Na contratação de uma assistência médica internacional, medida exigida em vários países e na maioria das alfândegas europeias, é importante analisar a cobertura e sistema de utilização.