RECORDE

Pupilo supera o mestre na meta do Guarani

Com olho clínico, Neneca indicou a contratação de Juliano ao Bugre mesmo depois de vê-lo levar oito gols

Carlos Rodrigues
carlos.rodrigues@rac.com.br
12/08/2013 às 21:16.
Atualizado em 25/04/2022 às 05:37

Juliano entrou para a história do Guarani no último domingo (11) ao se tornar o goleiro que mais tempo ficou sem tomar gol com a camisa do clube. A marca de 810 minutos superou os 777 do campeão brasileiro Neneca. Mas, curiosamente, isso poderia nunca ter acontecido não fosse a confiança e o olhar clínico do antigo detentor do feito.Considerado o maior camisa um que já defendeu o Bugre, Neneca encerrou a carreira e, posteriormente, voltou ao Brinco para trabalhar como preparador de goleiros. No início dos anos 2000, os caminhos dele e do atual titular do Guarani se cruzaram. Juliano era um entre os muitos jovens goleiros que vinham de fora e buscavam a sorte nas categorias de base do clube. Pela impressão inicial, o sonho poderia acabar ali, mas não é o que aconteceu, como conta Neneca em entrevista ao Correio Popular."A gente sempre trazia alguns times de fora para testar no Guarani e selecionávamos os melhores. O Juliano veio com um time de São Paulo, se não me engano, e naquele jogo, ele tomou oito gols. Mesmo assim, eu disse: 'vamos ficar com ele'. Nem que ele tivesse tomado 16 gols eu ia mudar a decisão. Acharam estranho eu escolher um goleiro que tinha tomado tantos gols, mas eu via que ele era inteligente e tinha condições, sabia que ele iria crescer bastante", relembra Neneca, que hoje tem certeza de que sua escolha foi a correta. "Ainda bem que dei sorte. Desde garoto o Juliano sempre foi muito esforçado e hoje está mostrando tudo o que a gente sabia do que ele era capaz", completa o ex-goleiro, que atualmente vive em Londrina, tem 65 anos e está aposentado.E Neneca continua sendo um verdadeiro professor para seu pupilo. Assim como também faz com o reserva Léo, ele constantemente conversa com Juliano e transmite conselhos e seu vasto conhecimento na posição. "Sempre conversamos, o oriento e digo que ele precisa manter a humildade e continuar trabalhando. Torcia muito para ele ter uma sequência como está tendo agora. Faltava isso para ele pegar confiança. O Juliano é um goleiro completo e fiquei muito feliz por ele ter ultrapassado essa marca que eu conquistei em 78", destaca.Os elogios são recíprocos. Dono do novo recorde, Juliano não mede palavras para elogiar Neneca, a quem considera como um segundo pai. "Ele é o cara que me ensinou futebol e me dá conselhos até hoje. Quando eu cheguei, ele me dava muita dura, mas isso foi bom, me ajudou a aprender muito. Não tenho palavras para falar do Neneca, é um cara sensacional e foi um profissional exemplar. Foi realmente um verdadeiro pai."AINDA É POUCO A segunda-feira (12) foi movimentada para Juliano. Apesar do desgaste pela longa viagem de Catalão até Campinas, o goleiro não teve sossego. Requisitado para entrevistas, falou — e muito — sobre a quebra do recorde de minutos sem ser vazado com a camisa bugrina. E, apesar da alegria pela marca, ele garantiu que isso ainda é pouco perto do objetivo principal. "Estou muito feliz, é a realização de um sonho colocar o nome na história do clube, mas ainda é pouco, quero ajudar o Guarani a subir para continuar marcando história", comentou o jogador.Para manter a regularidade e aumentar ainda mais a marca, o goleiro conta com o apoio dos companheiros. "Todos estão correndo muito, dando a vida. Até os atacantes sacrificam sua função para marcar e ajudar", explica. "E não são só os onze, no treinamentos todo o grupo também contribui. Esse é o caminho e time que quer vencer tem de continuar nessa mesma pegada", completa.Com 810 minutos consecutivos sem tomar gols, Juliano está na história do Guarani, mas ainda bem longe dos maiores recordistas da história do futebol. O líder nesse aspecto é Mazarópi, que ficou mais de um ano sem levar gols pelo Vasco. Segundo dados da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), entre 18 de maio de 1977 e 7 de setembro de 1978, foram 1.816 minutos sem buscar uma bola na rede. Para ultrapassá-lo, Juliano não poderia tomar gols durante todo o segundo turno da Série C, nas duas partidas das quartas de final e mais 17 minutos do primeiro jogo da semifinal.

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