CAMPINAS

PUC escreve cartilhas sobre transtono mental

Muitos doentes e familiares não buscam tratamento por desconhecer que ele exista e que pode ser, inclusive, gratuito

Da redação
25/07/2013 às 11:31.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:38

Cartilhas que informam o que são transtornos mentais e onde é possível buscar tratamento de graça estão sendo escritas em Campinas para informar a população sobre o assunto. A iniciativa é de um projeto de extensão da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em parceria com o Centro de Atendimento Psicossocial Antônio da Costa Santos (popularmente conhecido como Caps Toninho ou Caps Sul). "Há muitos pacientes que sofrem com alucinações e delírios, e que são agredidos pelos próprios familiares por desinformação. Possessões demoníacas, por exemplo, são comumente confundidas com sintomas de transtornos mentais, por isso, a necessidade dos livretos", informa a doutoranda em psicologia clínica Cristiane Valli, professora extensionista da PUC-Campinas e coordenadora do projeto. “Ao longo desses quase 12 anos de existência dos Caps, observamos como ainda é difícil para os familiares ou cuidadores desses pacientes acessarem o serviço. Por maior que seja o empenho dessa política, podemos afirmar que existe ainda grande desconhecimento desse recurso”, informa a gerente do Caps Toninho, Rosana Romanelli. Maria (nome fictício), mãe de um paciente com esquizofrenia, espera que os livretos possam fazer com que outras mães não sofram por tanto tempo o que ela sofreu por desconhecer o que o filho dela tinha. “Além da doença, em si, que já traz um sofrimento muito grande, o pior é passar anos sem saber o que ela é, sem saber que existe tratamento. É como estar em um buraco, achando que não existe saída. Mas tem. E quanto mais cedo a família descobrir isso, melhor”. Elaboração As cartilhas estão sendo escritas por duas bolsistas de extensão da PUC: Gabriella Conte, que escreve sobre o que são os transtornos psíquicos (como neuroses e psicoses), e Ana Cláudia Mendes Ramos, que escreve sobre os direitos dos pacientes (como a um tratamento gratuito, humanizado, de base comunitária e com o resgate dos vínculos familiares e sociais). Ambos os livretos são feitos com a ajuda das famílias que frequentam o Caps, e que dão depoimentos de como aprenderam a enfrentar a situação, de como aprenderam estratégias para proporcionar um ambiente familiar suportivo, acolhedor e afetivo ao membro com distúrbio mental. Tais habilidades foram desenvolvidas pelos familiares nas oficinas realizadas no Caps em parceria com a PUC. Para a terapeuta ocupacional do Caps Sul, Izaura Brito, “a construção de cartilhas, em que os atores envolvidos são os próprios usuários, familiares e profissionais da saúde, faz desses instrumentos uma legítima ferramenta de trabalho e informação”. Aprendizado Para a universitária Gabriella, fazer parte desse trabalho é um diferencial para o estudante, pois proporciona uma vivência em saúde mental que articula conhecimentos teóricos e práticos. “Até então, eu analisava o sofrimento psíquico apenas das pessoas com transtorno mental. Hoje, constato que esse trabalho me proporcionou uma compreensão mais ampla dessa questão”. De mesma opinião é a universitária Ana Cláudia: “acho que esse projeto só vai somar e trazer para mim bagagem de conhecimento sobre a saúde mental, e não só em termos de identificação de doença no paciente, mas também de políticas públicas dessa área”. Prazo A expectativa é que ambas as cartilhas fiquem prontas em outubro, informa a professora Cristiane, coordenadora do projeto. “A intenção é poder distribuí-las para o maior número de pessoas possível, a fim de prevenir danos muitas vezes irreversíveis, por conta da desinformação sobre os aspectos que cercam a saúde mental”. A ideia é entregá-las em locais em que haja grande circulação de pessoas, como em centros comunitários, igrejas e praças, por exemplo.

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