DERMATOLOGIA

Psoríase exige diagnóstico rápido

Doença causa lesões na pele e unhas, não tem cura, mas pode ser controlada

Viver Melhor
18/10/2013 às 15:39.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:51
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Fabiana Marchezi *   Era inverno na década de 70, quando Maria Odete Fernandes, na época com pouco mais de 30 anos, começou a sentir muita coceira e ardência atrás do calcanhar. Aos poucos, algumas lesões, como feridas, foram aparecendo em seus braços, pernas e couro cabeludo, gerando mais coceira e mais ardência. Com medo de contaminar os filhos e o marido, Maria Odete buscou ajuda de especialistas. Em vão: os próprios médicos tinham pouco conhecimento sobre a doença que a acometia. “Eu tinha vergonha de mim mesma. Sofria muito. Até que fui a um dermatologista que tinha mais conhecimento e diagnosticou a psoríase só de me olhar”, lembra.  A partir daquele dia, ela ficou mais tranquila. “O médico disse que a doença não é contagiosa e que o tratamento seria fácil: evitar passar por nervoso, muita hidratação na pele e sol. Hoje, quarenta anos depois, tenho uma vida mais tranquila e aprendi a lidar com a doença, mas continuo fazendo uso de pomada para evitar que as lesões reapareçam”, afirma Maria.  A psoríase é uma doença inflamatória da pele, crônica, não contagiosa, multigênica — vários genes envolvidos —, com incidência genética em cerca de 30% dos casos. Caracteriza-se por lesões avermelhadas e descamativas, normalmente em placas, que aparecem, em geral, no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.  De acordo com o Ministério da Saúde, a doença é mais comum antes dos 30 anos e após os 50, mas em 15% dos casos pode ser diagnosticada na infância. Compromete pele, couro cabeludo, unhas e, em 8% dos casos, pode atingir as articulações. Em alguns casos, as lesões podem se espalhar pelo corpo todo. Existem ao menos oito tipos de psoríase.  Segundo a dermatologista Carolina Vernaglia, do Instituto Nova Campinas, vários fatores contribuem para o desenvolvimento da psoríase. “Estresse, traumas emocionais, cirúrgicos, alterações metabólicas, hormonais, álcool e algumas medicações, infecções de pele, de garganta, ressecamento da pele e baixa umidade do ar podem agravar o problema.” A especialista conta que quando as lesões atingem as unhas são observadas algumas deformidades, causando muito constrangimento ao portador. “As unhas acabam apresentando depressões puntiformes e descolamento. É uma região complicada porque você usa a mão para cumprimentar as pessoas e às vezes os pacientes acabam passando por constrangimento. Quando há comprometimento articular, os pacientes podem apresentar dor, inchaço e vermelhidão local”, diz. O ideal é buscar o diagnóstico rápido para que a pessoa comece o tratamento o quanto antes. A doença pode ser confundida com várias outras, como diversas alergias. “O diagnóstico é clínico, mas pode ser realizada uma biópsia de pele”, explica Carolina. Apesar de não ter cura, existem várias formas de tratamento. Casos leves e moderados — cerca de 80% — podem ser controlados com o uso de medicação local, hidratação da pele e exposição ao sol. Para quem não tem tempo para exposições diárias ao sol, são recomendados banhos de ultravioleta A e B em clínicas especializadas e sob rigorosa orientação médica. Esses banhos não são recomendados para crianças.  “A escolha do tratamento depende do tipo e da gravidade da doença e pode ser tópico — feito com cremes, loções, pomadas, shampoos e géis — ou via oral. Ambos podem ser associados à fototerapia em cabines ou ao ar livre, pois os raios ultravioleta em quantidade adequada têm efeito anti-inflamatório e potencializam o efeito das medicações”, completou.  Ainda segundo a dermatologista, atualmente foram introduzidas medicações injetáveis que regulam o sistema imunológico e consequentemente controlam as reações inflamatórias da doença com respostas rápidas e duradouras, prevenindo sequelas e deformidades articulares. “Cada nova geração de medicações têm menos efeitos colaterais e dosagens confortáveis, melhorando muito a qualidade de vida desses pacientes. Infelizmente, a psoríase é uma doença estigmatizante e a falta de conhecimento ainda causa constrangimento e afastamento das atividades sociais, por isso em caso de duvidas, é necessário procurar ajuda de um dermatologista e de um psicológico”, conclui.

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