Os trabalhadores do Mário Gatti suspenderam a realização de horas extras até sexta-feira
Os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti decidiram não realizar mais horas extras para protestar contra a falta de funcionários. O resultado foi a suspensão de 17 cirurgias eletivas entre segunda-feira e ontem, sobrecarga nos setores e demora no atendimento. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas, o déficit estimado é de 200 trabalhadores na área da enfermagem. Apesar da suspensão das cirurgias, a direção do Mário Gatti informou que todos os casos estão sendo atendidos e as situações de urgência e emergência são priorizadas pelas equipes. O diretor do sindicato Rodolfo Fais afirma que a situação é crítica e vem se arrastando há anos.Segundo ele, além das seis horas diárias, os funcionários realizam outras quatro ou até dobram o plantão para evitar a desassistência aos pacientes. "Não chega o pessoal novo para trabalhar e o serviço está sendo feito com horas-extras, o que sobrecarrega os servidores em uma área delicada, pois esses funcionários estão lidando com vidas" , afirma. A estimativa apresentada pelo sindicato é de que são gastos R$ 500 mil com a folha de pagamento de horas extras dos funcionários do Mário Gatti e que cerca de 40% do atendimento do hospital é feito com base nas horas extras dos funcionários. "O mesmo dinheiro que está sendo gasto com hora extra poderia ser usado para contratar o pessoal para trabalhar" . A Secretaria de Saúde não confirma os dados apresentados pelo sindicato. A suspensão da realização de horas extras, segundo o sindicato, afetou todos os setores. "Somente o setor que realiza cirurgia de vasectomia não aderiu ao movimento porque o agendamento lá é muito demorado" , afirmou. Além da suspensão das 17 cirurgias eletivas, muitos pacientes reclamaram das longas horas a espera de atendimento no ambulatório. Douglas Lourenço, de 38 anos, chegou às 11h e só conseguiu ser atendido às 14h30. "É complicado ficar esperando horas e horas" , afirmou. O hospital informou que o tempo médio de espera na Sala Azul foi de duas horas. O movimento dos profissionais da enfermagem deve continuar pelo menos até sexta-feira quando o sindicato vai realizar uma reunião para definir os rumos do movimento. Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou que a situação das horas extras vem se acumulando de gestões anteriores, com a falta de reposição de profissionais ao longo dos anos e com a necessidade de cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta que, em março de 2013, determinou que os profissionais cedidos por convênio com o Cândido Ferreira fossem substituídos através de concursos públicos.