ATENDIMENTO

Pronto-Socorro da Santa Casa de Sorocaba está na UTI

Pacientes no corredor, falta de equipamentos e de médicos deixam situação crítica

Eloy de Oliveira
21/02/2013 às 20:32.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:44
Atendimento do Pronto-Socorro da Santa Casa de Sorocaba é crítico (Divulgação)

Atendimento do Pronto-Socorro da Santa Casa de Sorocaba é crítico (Divulgação)

A situação da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba é crítica no que se refere ao atendimento no pronto-socorro: pacientes têm de ficar em macas no corredor, faltam equipamentos para exames e profissionais médicos.

Mas as deficiências não são sentidas apenas no atendimento emergencial. Há pacientes com câncer de próstata que têm de esperar mais de seis meses pelo tratamento. A demora vem de equipamentos quebrados e muita demanda.

Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União, em 2011, apontou que apenas 16% dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) iniciam o tratamento contra o câncer em 30 dias, que é o tempo de resposta rápida.

Pacientes reclamam que os corredores ficam lotados com macas aguardando internação e quase nunca há vagas entre os 75 leitos disponíveis na instituição. Além dos corredores, os quartos também apresentam superlotação.

A maioria dos internados é de idosos, que requerem um tratamento especializado. Mas não há médicos suficientes. O hospital deveria manter 11 médicos no plantão do dia e outros oito no plantão da noite.

Outro problema são os exames de ultrassonografia, que não estão sendo realizados no número ideal devido ao fato de existir apenas um médico para operar os dois equipamentos disponíveis e não haver tempo para todos.

Além de tudo isso, em dezembro foi descoberto que havia um falso médico clinicando na Santa Casa. Fernando Guerreiro usava os documentos de Ariosvaldo Diniz Florentino, de São Paulo. Os documentos haviam sido furtados.

Pelo menos três pacientes atendidos por ele nos plantões do hospital acabaram morrendo. O falso médico nega ter receitado medicamentos errados. Ele está preso no Centro de Detenção Provisória de Americana.

Outro lado

A assessoria da Secretaria de Estado da Saúde informa que o serviço prestado pela Santa Casa é de responsabilidade da Prefeitura. A administração municipal tem um contrato de repasse de R$ 1,465 milhão por mês com ela.

Pelo contrato, a instituição deveria dar atendimento adequado a 15 mil pacientes por mês. A direção do hospital informa que as dificuldades decorrem do volume de pacientes, pois o atendimento é prestado a toda a região.

De acordo com a direção, até os 27 leitos de observação têm sido usados para cobrir a demanda não suportada pelos 75 leitos de internação clínica. A diretoria ressalta que não consegue médicos porque a demanda é muita alta.

Em relação ao tratamento de câncer, ela informa que um novo aparelho foi adquirido pelo plano de expansão de radioterapia, do Ministério da Saúde. Mas esse aparelho ainda não foi instalado e os pacientes estão sendo remanejados.

A contratação do médico falso ainda está sendo investigada, assim como as possíveis mortes provocadas pelo seu atendimento. Existe uma sindicância da Santa Casa e um inquérito policial que está ouvindo testemunhas.

Intervenção

Em decorrência de todos os problemas, a Comissão de Educação, Saúde Pública e Juventude da Câmara dos Vereadores requereu nesta quinta-feira (21) a intervenção da Prefeitura no pronto-socorro da Santa Casa.

Os três integrantes da Comissão alegam que o hospital quebrou o contrato com a Prefeitura e que o atendimento precisa ser inteiramente auditado. Os pedidos de interdição e auditoria ainda não foram recebidos pela Prefeitura.

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