Lojistas e empresários pressionam o governo paulista a cumprir cronograma e inaugurar terminal metropolitano que já havia sido anunciado
Algumas lojas fecharam e outras paralisaram atividades enquanto o terminal não estiver pronto e os tapumes forem retirados das calçadas ( Carlos Sousa Ramos/ AAN)
Empresários estabelecidos na Avenida Antônio Lobo, um dos mais tradicionais corredores comerciais de Americana, se organizam e pressionam o governo paulista a cumprir o cronograma anunciado para a inauguração do novo terminal do transporte metropolitano. A obra começou a ser executada em abril do ano passado, com a demolição do terminal onde operavam as linhas urbanas. A promessa era de que o novo equipamento — integrante do Corredor Metropolitano “Biléo Soares” — ficaria pronto em dezembro. Mas, por conta de adequações do projeto, a inauguração foi adiada para setembro deste ano. Ninguém na cidade questiona a importância do projeto. Os americanenses estão ansiosos para ver o terminal moderno, movimentado. Mas vieram os problemas. As intervenções passam pela regularização das redes subterrâneas para a instalação das novas fundações, o que desviou o tráfego dos veículos para caminhos alternativos. Os carros não passam mais diante das lojas. Não há lugar parar estacionar ao longo de três quadras. Também está suspensa a conversão de veículos para outras vias importantes, como a Rua 12 de Novembro. Resultado: as lojas baixam as portas porque não entra um cliente. Redes varejistas maiores, como a Brunu's Confecções, por exemplo, passaram a atender clientes em suas filiais. Um cartaz afixado na porta fechada informa que a loja vai reabrir quando o terminal for inaugurado. Outras lojas, como a Doce Encanto, da Rua 12, acumulou todo o estoque em um único salão, e entregou o prédio vizinho ao locador. Outras lojas antigas do trecho — como a Encantado, a Opção Móveis e a Bermudas & Cia — decidiram encerrar suas atividades, não se sabe por quanto tempo. As demissões são inevitáveis. O empresário José Daniel Aguiar, que há 13 anos possui uma loja de uniformes profissionais, conta que precisou demitir as três balconistas que atendiam a clientela que entrava pela porta. Hoje, como não entra ninguém, a loja depende de vendas de lotes de uniformes comprados por empresas que são antigos clientes. Valéria Tupy, proprietária da Castor (tradicional loja de calçados da cidade) conta que demitiu metade dos seus atendentes. E reclama que a interdição da avenida, com tapumes, transformou a antiga calçada de pedestres em um corredor escuro, onde agem os ladrões. A sua loja, diz, já teve a porta arrombada duas vezes, nos últimos dez meses. Operações de emergênciaDiante do quadro desesperador, a Associação Comercial e Industrial de Americana (Acia) assumiu a efetiva organização dos empresários. O grupo já reivindicou do governo paulista — e conseguiu — a instalação de 12 holofotes especias, que passaram a iluminar o trecho escuro entre as lojas e o tapume das obras. Também foi acertado que policiais militares e guardas municipais façam rondas preventivas especiais nas quadras do trecho. “Fizemos tudo o que estava no nosso alcance. A gente espera que o governo paulista cumpra o novo cronograma anunciado. A maior preocupação é manter empregos, é honrar compromissos”, fala Dimas Zulian, presidente da Acia. Ritmo intensoDe acordo com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), o cronograma original de obras no terminal foi alterado porque, durante os trabalhos de fundação, os engenheiros descobriram incorreções no mapa do subsolo, onde constam as redes de água, esgoto e demais concessionárias. As interferências não mapeadas atrasaram o início efetivo dos serviços, pois exigiram adaptações do projeto. O Estado nega que a queda brusca das vendas e as demissões tenham relação com as obras. Elas seriam reflexo do atual cenário socioeconômico de baixo crescimento e da pressão inflacionária, que afugentam os clientes. Com relação as obras do terminal, a EMTU informa que elas seguem em ritmo intenso, avançando, no horário noturno. Os seis arcos de sustentarão a cobertura já foram erguidos, e uma via alternativa foi construída ao lado da via férrea para o tráfego de veículos. A direção da empresa também garantiu que vai investir mais na segurança do trecho. Além dos 12 holofotes já em funcionamento, outros seis estão sendo instalados. Primeiro trecho O Corredor Metropolitano Biléo Soares terá 47,4 quilômetros. Já foram implantados os primeiros 20 quilômetros, que garantiram, segundo a EMTU, rapidez, conforto e segurança para mais de 100 mil usuários diariamente se utilizam do trecho, nas viagens realizadas entre os municípios de Campinas, Hortolândia e Sumaré, o principal eixo do transporte intermunicipal na região. São dois terminais já em operação — em Campinas e Hortolândia —, sete quilômetros de faixas exclusivas para ônibus, três estações de transferência na Avenida Lix da Cunha, com integração das redes municipais e metropolitana.