CENÁRIO XXI

Profissionais de telecom estão em alta

Expansão da TV digital e telefonia movimenta mercado e aumenta demanda por especialistas

03/05/2013 às 08:03.
Atualizado em 25/04/2022 às 17:48
O pesquisador Daniel Pataca, doCPqD, ressalta a necessidade de uma formação sólida, ampla e do constante aprimoramento: "Faltam profissionais assim no mercado" (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)

O pesquisador Daniel Pataca, doCPqD, ressalta a necessidade de uma formação sólida, ampla e do constante aprimoramento: "Faltam profissionais assim no mercado" (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)

A expectativa de implantação da tecnologia 4G, que até o ano que vem deve estar funcionando nas principais capitais brasileiras por determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e a expansão da televisão digital no País fazem do engenheiro de telecomunicações um dos profissionais mais bem cotados no mercado de trabalho nacional. E a demanda por especialistas em telecom não é grande somente em engenharia: técnicos que trabalham com instalação e manutenção dos sistemas de internet e telefonia celular podem ganhar até R$ 8 mil por mês, segundo especialistas.

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é pioneira em pesquisa e produção de tecnologia para telecomunicações no Brasil e tem dezenas de empresas e institutos que atuam na área. Entre os principais deles, estão o Venturus - Centro de Inovação Tecnologica, o Instituto Eldorado, a Padtec e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD). Além disso, há uma disputa acirrada pelo profissional de telecomunicações entre as companhias de tecnologia da informação da região.

O engenheiro de telecomunicações se ocupa do projeto das redes de telefonia celular, internet, internet móvel, televisão digital e transmissão de dados digitais por cabos óticos e satélites. São esses profissionais os responsáveis pelos cabos de fibra ótica, sinais e ondas de rádio necessários quando nos conectamos à internet ou usamos o celular. Aliás, durante muito tempo, a área estava ligada somente às operadoras de telefonia. Mas, com a convergência de plataformas de comunicação, o campo de atuação está em franca expansão. A interface entre telecomunicações e informática requer profissionais que saibam programar e elaborar softwares — e a falta dessa mão de obra qualificada é um dos principais gargalos do setor.

“Agora, os cursos de graduação estão oferecendo uma formação sólida na área de software e informática. Existe uma tendência forte do engenheiro de comunicação saber programar. São esses os profissionais mais valorizados”, explicou o coordenador do curso de engenharia de telecomunicações da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em Limeira, Rangel Arthur.

Por ano, a Unicamp recebe 50 alunos no curso, que dura cinco anos. Eles começam a fazer estágios logo nos primeiros anos de formação e muitos são contratados antes mesmo de pegarem o diploma. O salário inicial oferecido pelas empresas gira em torno de R$ 5 mil, segundo Arthur.

Para o coordenador, a profissão vai continuar em alta por pelo menos cinco anos anos. “A implantação da internet móvel 4G está engatinhando ainda Brasil. A TV digital também ainda não chegou no Interior do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. E temos que fazer muitas melhorias no serviço de telecomunicações para a Copa e as Olimpíadas”, disse.

CPqD

Antigo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás, empresa estatal que detinha o monopólio de serviços públicos de telefonia no País, o CPqD, em Campinas, é um dos principais polos de tecnologia em telecomunicações do Brasil. A fundação de direito privado tem parcerias com empresas para desenvolvimento de centrais digitais, sistemas de transmissão digital, equipamentos de transmissão ótica, laser semicondutor, entre outros produtos.

O pesquisador Daniel Moutinho Pataca foi um dos primeiros funcionários do centro a ter formação em engenharia de telecomunicações, apesar de a instituição trabalhar nessa área desde 1976. “Antes, a maioria dos profissionais fazia engenharia elétrica ou eletrônica e se especializava em telecomunicações. Agora, a necessidade de uma formação sólida no setor é mais latente”, explicou Pataca.

O engenheiro já passou por diversas áreas dentro do centro: trabalhou com desenvolvimento de lasers, televisão digital, telefonia e coordenação de dados. Hoje, desenvolve equipamentos e dispositivos de comunicação ótica. “O nível de especialização dos profissionais do CPqD é alto e faltam profissionais assim no mercado. Por isso, temos trazido muita gente de fora. Também incentivamos os funcionários a fazer mestrado e doutorado”, disse.

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