CAMPINAS

Professores estaduais iniciam greve

Entre as reivindicações estão melhores salários, condições de trabalho e reabertura de classes fechadas

Inaê Miranda
17/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 02:11
Alunos chegam a Escola Estadual Reverendo José Carlos Nogueira, na Vila Boa Vista: início da greve ( Dominique Torquato/ AAN)

Alunos chegam a Escola Estadual Reverendo José Carlos Nogueira, na Vila Boa Vista: início da greve ( Dominique Torquato/ AAN)

Os professores da rede Estadual de Ensino de Campinas começaram a cruzar os braços na manhã desta segunda-feira (16), após o Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) ter decretado greve por tempo indeterminado, em assembleia, na última sexta-feira (13). Entre as reivindicações estão melhores salários e condições de trabalho, reabertura de classes fechadas e até mesmo a garantia de água nas escolas.   O comando de greve esteve nas unidades de ensino ontem para convencer os professores aderirem ao movimento. Na quinta-feira (19), os docentes devem participar de assembleia no Largo do Rosário.   Mobilização Desde o início do ano, os professores se mobilizam contra os problemas estruturais nas escolas. O fechamento de salas de aulas está entre os problemas relatados. Somente este ano, segundo a Apeoesp, mais de 3 mil salas foram fechadas em todo o Estado, cerca de mil delas em Campinas.   As denúncias levaram o Ministério Público a investigar o problema. A pauta de reivindicações, segundo a diretora estadual da Apeoesp, Sueli Fátima de Oliveira, inclui ainda a revisão da demissão de professores da Categoria O (substitutos), fim das classes superlotadas e do corte de verbas para a Educação.   Licença médica   Outro problema relatado pelos docentes é a perseguição aos professores nas licenças médicas. “Quando nos afastamos da sala de aula por motivos médicos, quando vamos passar na perícia na instituição credenciada pela Secretaria de Estado da Educação, o perito ou a perita sequer fazem uma avaliação nossa. Não levam em consideração o que meu médico relata e, na maioria das vezes, em cinco minutos somos dispensados da sala e a licença acaba negada”, afirmou um professor.   Sueli acrescenta que o governo não concede mais licença para professores por falta médica. “As licenças são descontadas e prejudicam os professores na aposentadoria.”   Convencimento   Segundo o diretor da Apeoesp Eduardo Rosa, com a greve decretada em assembleia na última sexta-feira, foi dado início ontem ao trabalho de visita às escolas para mobilização de toda a categoria e para informar aos pais e alunos sobre os motivos da greve. “É uma greve legal. Já foi comunicada à Secretaria de Educação. Estamos fazendo hoje um trabalho de convencimento para mais professores aderirem ao movimento. As escolas estão desestruturadas, faltam verbas para manutenção, os professores estão trabalhando em condições precárias”, afirmou.   Nesta segunda-feira, balanço preliminar do sindicato apontava 20% de adesão à greve em todo o Estado. Apesar de achar que a greve prejudica os alunos, a dona de casa Tatiane Manha, mãe de uma aluna da Escola Professor Reverendo José Carlos Nogueira, na Vila Boa Vista, é favorável ao movimento.   “Eles têm que reivindicar por melhorias sim. Acho que os melhores salários deveriam ser dos professores, porque se não fossem por eles, não haveria outras profissões. Médicos, políticos, engenheiros, todos eles dependeram de um professor para estar onde estão”, afirmou.  Sem receber   Professores da rede estadual de ensino de Campinas reclamam de atraso no pagamento de salários. Apenas na diretoria Leste seriam cerca de 400 docentes sem receber. Um professor, que preferiu não se identificar, disse que já não tem condição financeira para ir à escola dar aulas. Desde o início do mês não estamos recebendo. Não tenho mais dinheiro para abastecer o carro, não paguei a pensão do meu filho e corro o risco de ser preso por não pagar a pensão”, afirmou.   Professores efetivos que trabalham na Escola Estadual de Ensino Integral Vítor Meireles, no bairro São Bernardo, também não receberam o abono de 75% referente ao complemento por trabalho em período integral. “A gente fica o dia inteiro na escola. Sem receber, qual a motivação que a gente vai ter para trabalhar?”, questionou outro professor. Outro ladoA Secretaria de Estado da Educação disse que houve um problema no cadastro de professores no RH, que levou à falta de pagamento na diretoria Leste. O órgão afirma que apenas 35 docentes, e não 400, foram afetados. O número é correspondente a 1% do total de profissionais da diretoria. Eles devem ter os salários regularizados até esta sexta-feira.Sobre a greve, em nota, a pasta informou que os estudantes devem comparecer normalmente às aulas, pois a decisão da Apeoesp não representa os mais de 230 mil professores da rede, que devem ir às escolas normalmente. A secretaria diz que elaborou um plano de carreira que estabeleceu aumento acumulativo de 45% em quatro anos e alçou o piso salarial paulista a patamar 26% maior do que o nacional. Os profissionais da Educação ainda podem conquistar o reajuste salarial anual de 10,5% por meio da valorização pelo mérito, segundo a secretaria.A pasta também afirmou que a exigência do intervalo contratual para temporários é garantida em lei e que o período já foi reduzido de 200 para 40 dias. Sobre as perícias médicas, a secretaria afirma que “revolucionou” o sistema para aprimorar e humanizar o atendimento aos profissionais da Educação.

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