Equipamento oferece mais proteção aos motocilistas, mas não é tão eficaz como o dos automóveis
Projeto de lei quer tornar o colete obrigatório para motociclistas (Elcio Alves/AAN)
Um projeto de lei que tramita no Senado (PLS 404 de 2012) quer incluir no Código Brasileiro de Trânsito (CBT) o uso obrigatório de colete airbag nos mesmos moldes da exigência do capacete. A justificativa para a imposição do acessório, segundo o autor da ideia, o senador Humberto da Costa (PT-PE), é que a invenção pode reduzir em até 75% a ocorrência de lesões e fraturas nos acidentes por proteger regiões importantes do motociclista, como cóccix, coluna vertebral, peito e pescoço.Embora a adoção de equipamentos de proteção seja positiva, profissionais analisam com ressalvas a eficiência do acessório. “O tempo de reação entre a batida e a abertura do cilindro de gás é muito demorado”, observa o docente da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, Celso Arruda, especialista em segurança veicular. Esse tipo de acessório, segundo ele, funciona perfeitamente bem na segurança de adeptos do hipismo, pratica que usa velocidade mais baixa no deslocamento e menos movimentos do condutor.Na opinião de Arruda, para ser tão eficaz quanto os sistemas de airbag dos automóveis o equipamento deveria já sair inflado de fábrica — a exemplo das cadeirinhas — ou criar um dispositivo de detecção de colisão capaz de acionar o airbag segundos antes do impacto, assim como o existente em alguns modelos de veículos. “Claro que é melhor do que nada. Tudo que absorve impacto é bem-vindo”, diz Arruda.A afirmação leva em conta o grande número de acidentes no trânsito, principalmente entre motofretistas. Somente no ano passado em Campinas, 36 motociclistas morreram, segundo dados da Emdec.Estudioso na área, o chefe da ortopedia do Hospital e Maternidade Celso Pierro e Hospital Ouro Verde, José Luis Amim Zabeu (foto), acredita na eficiência do colete airbag, acessório adotado como equipamento obrigatório pela polícia de Madri, na Espanha.Segundo Zabeu, vários estudos comprovam a proteção oferecida pelo item, que apesar de inflar em um tempo médio de 0,5 segundo — três vezes mais lento que o tempo de reação de um sistema de airbag automotivo — começa a proteger o condutor estando meio cheio, a partir de 0,2 segundo.Para o docente da PUC, o uso do colete pode salvar vidas em situações de arremessos provocados em acidentes de moto em alta velocidade. Por inércia, o corpo mantém a velocidade do veículo até se chocar e evidências comprovam a ação protetora do acessório.Além do colete airbag, motociclistas já encontram à disposição algumas peças de vestuário com reforços e proteção extra para coluna, joelhos e ombros.O ortopedista José Luis Amim Zabeu crê na eficiência do equipamento para proteger motociclistas