A arquitetura modernista chegou a Campinas em 1934, quando o engenheiro-arquiteto Mário de Camargo Penteado construiu, na esquina das ruas Coronel Silva Telles e Santa Cruz, no Cambuí, a residência que lembra um navio. Na época, era chamada de "a casa futurista". A arquiteta Silvia Zakia, que pesquisou a obra de Penteado para sua tese de mestrado, afirma no trabalho que a construção representa um momento histórico significativo da paisagem urbana de Campinas.
A obra foi construída em sintonia com os princípios modernizantes que nortearam as alterações na cidade nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Em 1934, a Prefeitura contratou Prestes Maia para desenvolver o Plano de Melhoramentos Urbanos. O objetivo era ordenar o crescimento do município e devolver ao poder público o controle do espaço urbano.
A casa com estética despojada, idealizada por Mário de Camargo Penteado para seu pai, José Ferreira Penteado, perdeu a função inicial de moradia para transformar-se em endereço comercial. O terreno na confluência das duas ruas possibilitou boa visibilidade da edificação no seu todo.
Elementos como janelas em forma de escotilha, numa clara alusão náutica, tornavam a construção um ponto marcante na paisagem urbana até então pouco ocupada do bairro. Uma das cadeiras do terraço teve seu design desenvolvido pela Escola Bauhaus, na Alemanha – o projeto é de 1926. A sala de estar tem forma semicircular e dela se abrem janelas largas.
QUEM FOI
O engenheiro-arquiteto Mário de Camargo Penteado, natural de Campinas e descendente da aristocracia rural cafeeira local, graduou-se no Rio de Janeiro pela Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), em 1931. Enquanto estudava, assistiu a grandes modificações políticas e culturais no País. Foi um momento de efervescência cultural, especialmente no campo da arquitetura. Projetou e construiu cinemas e a primeira rádio de Campinas, a PRC-9 Rádio Educadora. Participou ativamente da vida política do município. Foi vereador e presidente da Associação de Engenheiros de Campinas.
