moda

Primeira-dama com estilo

Criado por uma estilista evangélica, o vestido usado pro Michelle Bolsonaro na posse do marido é considerado clássico, feminino e discreto como ela

Janete Trevisani
janete@rac.com.br
21/01/2019 às 16:06.
Atualizado em 05/04/2022 às 11:20

O vestido usado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no dia da posse do marido, confeccionado em zibeline de seda em tom rosê, com inspiração nos anos 1950, foi criado pela estilista Marie Lafayette, de 37 anos, que possui um ateliê em Botafogo, no Rio de Janeiro, com foco em noivas. A estilista já havia desenhado o vestido de noiva de Michelle, em 2013, quando ela era secretária parlamentear e ele deputado. Para o casamento, ela escolheu um modelo leve, fluido, com corte império e detalhes em renda e pequenos cristais Swarowski. Já para o vestido usado na posse, optou por fazer algo inspirado nas divas Grace Kelly e Jackie Kennedy. As costureiras trabalharam 14 horas diárias desde o fim das eleições para chegar ao resultado desejado. A clássica gola Dior foi repaginada com um toque duplo. Segundo Marie, que é formada em moda pela Esmod, conceituada escola em Paris, e é tataraneta do Marquês de Lafayette, militar francês que foi figura importante na Revolução Francesa, ela sugeriu à nova primeira-dama leiloar os vestidos que ela usasse de sua autoria para angariar fundos para iniciativas de caridade, o que foi aceito pela jovem e discreta primeira-dama.  Mesmo quando ousa, ainda é contida A estilista e consultora de imagem Ana Vaz, de Campinas, analisa que Michelle teve uma participação estrelar na posse do marido. “Michelle tem origem humilde, mas se vestiu inspirada no elitizado estilo clássico, neste que até agora é o momento mais importante de sua vida política. E se inspirou também em mulheres que até hoje são ícones deste estilo e tiveram associação direta com governantes - Jackie Kennedy e Grace Kelly. O desejo de pertencimento e adequação a essa classe estão no visual escolhido pela primeira-dama. O rosa claro do vestido, ainda hoje frequentemente associado à ingenuidade, delicadeza, afetuosidade e até à infantilidade, trazem ao rigor do clássico um desejo por simpatia e conexão. No look de Michelle a cor nega a forma, ou a equilibra - cada observador, com seu repertório vai ler a seu modo. O cabelo mais solto, fora do rigor clássico, também faz contraponto. O decote ombro a ombro idem - e aqui já aparece sua primeira quebra de protocolo. Trabalhando em comunicação e marketing desde 1992 - incluo nesse tempo os meus quase 17 anos como consultora de imagem -, me sinto à vontade para arriscar a hipótese aqui que o vestir de Michelle foi minimamente pensado para amparar o seu comportamento ‘audaciosamente fofo’ durante a posse. Que por sua vez, me faz pensar na exaltação pelo conservador governo Bolsonaro de uma figura feminina simpática, agradável e até ingênua, preocupada prioritariamente em servir, que mesmo quando ousa, ainda é contida, ainda obedece a certas regras de uma certa classe. Assim como a mulher desenhada por Dior, nos longínquos anos 50. Vale falar ainda da inspiração em Dior, e de sua própria pessoa. Até hoje tido como um ícone da elegância, é preciso dizer também que construiu seu negócio vestindo mulheres de forma ditatorial - lembremos que era ele quem determinava a quantos centímetros do chão a barra do vestido deveria estar. Era saudoso da imagem feminina da Belle Époque, uma das mais luxuosas e também uma das que mais aprisionou as mulheres em espartilhos torturantes - Dior idealizava mulheres pouco móveis, pouco arrojadas, sempre contidas, obedientes em suas roupas pesadas, preciosas e impecáveis. Literalmente pesadas aliás, já que algumas das saias que desenhava levavam mais de 7m de tecido - que sortudo o industrial têxtil inglês que o patrocinava! O modelito tradicional, baseado nas criações de Dior, nos idos dos anos 50, harmonizou também com os acessórios discretos e delicados e com o scarpin nude, também chamados hoje pela moda de clássicos. O ar retrô reinou absoluto no visual da primeira-dama. A longa fileira de botões nas costas remete às mulheres que podiam (ou precisavam) contar com a ajuda de alguém para vestí-las. Confesso que tenho pavor de roupas que eu não consiga vestir sozinha, até meu vestido de noiva teve zíper lateral!” Para o coquetel O vestido escolhido por Michelle Bolsonaro para o coquetel no Palácio do Itamaraty contrasta com o visual mais acolhedor do vestido rosa usado à tarde. “Com mangas e saia longas, em renda preta, o vestido é mais sisudo, e comunica mais seriedade e distanciamento. Elegante, estava correto para o horário, já que o coquetel começou às 19h. Houve quem dissesse que ficou pesado. Concordo quando comparamos com o modelo usado durante o dia, e também até quando comparado ao terno do presidente, um marinho”, diz Ana Vaz. Uma alternativa para evitar essa sensação, segundo ela, seria escolher uma outra cor para o mesmo modelo: marinho como o do terno, um vinho, um grafite - qualquer cor mais escura funcionaria para trazer a seriedade e elegância aparentemente desejadas. Outra alternativa seria manter o preto e optar por um modelo mais curto, como um mídi ou um de comprimento na altura dos joelhos.” “O modelito tradicional, baseado nas criaçõesde Dior, nos idos dos anos 50, harmonizou também com os acessórios discretos e delicados e com o scarpin nude, também chamados hoje pela moda de clássicos. O ar retrô reinou absoluto no visual da primeira-dama.” ANA VAZ, estilista e consultora de imagem

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por