CAMPINAS

Primeira chamada do Mais Médicos fica abaixo do esperado

Governo federal anuncia envio de 42 profissionais para a região de Campinas, que havia pedido 190

Bruna Mozer
02/08/2013 às 10:14.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:47
Médicos reunidos na Unicamp, no início de julho, protestaram contra ocupação forçada de vagas ( Dominique Torquato/AAN)

Médicos reunidos na Unicamp, no início de julho, protestaram contra ocupação forçada de vagas ( Dominique Torquato/AAN)

O Ministério da Saúde aprovou a vinda de 42 profissionais por meio do programa Mais Médicos para 14 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O resultado preliminar foi divulgado na tarde de ontem pelo governo federal e aponta um número de médicos abaixo do que foi pedido pelos prefeitos — um total de 190. Cinco cidades ficaram de fora. Essa é a primeira chamada do processo de seleção, e os médicos terão até amanhã, às 16h, para homologar a participação no programa. Por isso, esses dados podem ser alterados. Em todo o Brasil, foram selecionados 626 municípios para receber 1.753 profissionais. A previsão é que os interessados comecem a trabalhar até setembro nas unidades básicas de saúde.Campinas é a que mais receberá profissionais na região: um total de 18. Mas foi a única entre os municípios da RMC que não soube informar o número de médicos solicitados e tampouco se ele ficou abaixo do que foi pedido. A quantidade tem de ser informada no momento da inscrição. Questionada, a assessoria de imprensa da Prefeitura disse que não se posicionaria sobre o assunto porque não havia sido notificada. Campinas não foi considerada prioritária pelo governo. Da RMC, 11 estavam na lista de municípios tidos como vulneráveis.Entre as cidades da região, apenas Vinhedo descartou qualquer possibilidade de se inscrever no programa. Pedreira e Valinhos devem se cadastrar nas próximas etapas, uma vez que houve pane no sistema do ministério no último dia da inscrição e as prefeituras não conseguiram fazer a adesão.As cidades que ficaram de fora e não foram selecionadas são Monte Mor, que havia pedido três médicos, Santo Antonio de Posse, que solicitou 15, e Paulínia, que pediu nove. De acordo com o Ministério da Saúde, a escolha foi feita por meio do cruzamento de dados dos municípios, considerando sua situação de vulnerabilidade e a demanda de médicos que se propuseram a trabalhar na região. Porém, essas cidades terão nova chance. A próxima chamada, como essa, começa no próximo dia 15.Em seguida, está Indaiatuba, que deverá receber quatro médicos, mas havia pedido 11 ao governo. Americana havia solicitado ao governo federal 47 profissionais, mas pode receber apenas três. Esse é mesmo número de interessados que deverá vir para Hortolândia e Itatiba. As duas haviam solicitado dez médicos ao governo. Holambra, Jaguariúna e Sumaré também ficaram abaixo do esperado. As cidades deverão receber da União apenas dois profissionais. Jaguariúna havia pedido 20 médicos, Holambra, quatro, e Sumaré, 13.Os municípios que receberam menor número de profissionais, somente um, são Artur Nogueira, que pediu nove médicos; Cosmópolis, que solicitou oito; Engenheiro Coelho, cinco e Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste, que queriam nove e 20, respectivamente.O programa lançado pelo governo federal, embora polêmico, é a saída encontrada pelos prefeitos para amenizar a falta de profissionais no sistema público. A União será responsável pelo custeio do salário, de R$ 10 mil, mais ajuda de custo. O programa deverá ter duração de três anos. EstrangeirosCom a dificuldade do governo em preencher o número pedido pelos municípios, as inscrições serão abertas aos médicos formados no Exterior e, depois, aos estrangeiros. No primeiro mês de seleção, a demanda apontada foi de 15.460 médicos em 3.511 municípios. O governo deve preencher apenas pequena parte dessa expectativa, deixando 13.707 postos ociosos em 2.885 cidades. A partir de terça-feira, os médicos que se formaram no Exterior e finalizaram o cadastro no programa poderão selecionar os municípios com vagas não ocupadas por brasileiros. No dia 9, será publicada a lista dos municípios que receberão médicos estrangeiros, como forma de ocupar as vagas que não foram preenchidas pelos profissionais daqui.Paralisação atinge três unidades em CampinasPacientes dos centros de saúde Boa Vista, Florence e Taquaral, em Campinas, tiveram suas consultas adiadas em pelo menos uma semana por causa da paralisação dos médicos nas últimas terça e quarta-feira. Segundo informações da Secretaria de Saúde, 13 profissionais participaram do protesto. Com isso, cerca de 30 atendimentos tiveram de ser adiados para as próximas semanas. A paralisação faz parte de um movimento, que aconteceu em todo o País, contra o programa do governo federal Mais Médicos, que tem sido alvo de inúmeras críticas da categoria.Os atendimentos nestas unidades foram feitos somente em casos de urgência e emergência. Na região do Boa Vista, 13 médicos cruzaram os braços. Foram seis no Florence e três no Taquaral. Ao chegar nas unidades, a população foi informada sobre a paralisação. Alguns pacientes foram avisados por telefone. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região, Casemiro Reis, o movimento foi realizado com aval da entidade e aprovado em assembleia. O ato aconteceu em todo o País. No entanto, ele admitiu que o movimento teve pouca adesão em Campinas. “O acordo foi que paralisassem apenas as unidades onde houvesse condições de isso acontecer, que não houvesse total falta de assistência.”Reis, que é do PT, faz críticas ao programa, mas não é totalmente contra. Segundo ele, é preciso rever a situação dos médicos na rede pública. “A situação não será resolvida a curto prazo. O médico vê o trabalho na rede pública apenas como um ‘bico’. Ele não consegue fazer carreira, principalmente porque não tem como ter uma boa aposentadoria.”

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