LAVA JATO

Presos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez

As investigações atingem agora as duas maiores empreiteiras do país, que até então, não haviam sido alvos da operação que investiga a Petrobras

Agências Brasil e Estado
19/06/2015 às 09:44.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:22
Otávio Azevedo (à esquerda) e Marcelo Odebrecht são donos das maiores empreiteiras do país (  Cedoc/RAC)

Otávio Azevedo (à esquerda) e Marcelo Odebrecht são donos das maiores empreiteiras do país ( Cedoc/RAC)

O dono e presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, estão entre os presos na 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (19) pela Polícia Federal (PF).Marcelo Odebrecht foi preso em casa, em São Paulo, e será levado por agentes da PF para Curitiba, no Paraná. Ao todo, estão sendo cumpridos nos estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, 59 mandados judiciais, sendo 38 mandados de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária. Outros presos Foram cumpridos nove mandados, de um total de oito de prisão preventiva e quatro de prisão temporária, em quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. De acordo com o delegado, foram presos preventivamente Marcelo Odebrecht, dono e presidente da construtora Odebrecht, Márcio Faria da Silva; o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo; além de Rogério de Santos Araújo e João Antônio Bernard Filho. O executivo da Odebrecht Cesar Ramos Rocha é um dos que ainda não foram localizados. Denominada Erga Omnes – expressão latina usada no meio jurídico para indicar que efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos, o nome é uma referência ao fato de as investigações terem atingido agora as duas maiores empreiteiras do país, que até então, não haviam sido alvos da Lava Jato. Líderes do cartel As investigações que resultaram na 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta pela Polícia Federal, revelam que as empreiteiras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez lideravam o cartel de empreiteiras que superfaturavam contratos da Petrobras. De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, as duas empreiteiras, no entanto, diferentemente das demais investigadas, usavam um esquema “mais sofisticado” de pagamento de propina a agentes públicos e políticos por meio de contas no exterior, o que exigiu maior aprofundamento das investigações, antes do pedido de prisão dos diretores das empresas. De acordo com o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, três colaborados, entre eles os ex-diretores da Petrobras – presos em fases anteriores da Lava Jato –, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, disseram que receberam propina da Odebrecht no Exterior, por meio de empresas offshore. Esses pagamentos, segundo Lima, foram identificados pela PF e pelo MPF após colaboração com autoridades estrangeiras. Foto: Cedoc/RAC Costa (foto) e Barusco disseram que receberam propina da Odebrecht no Exterior, por meio de empresas offshore       A força-tarefa estimou em R$ 200 milhões o valor das propinas pagas pela Andrade Gutierrez no esquema da Petrobras. O valor da Odebrecht é ainda maior, R$ 510 milhões. Os investigadores disseram que a denúncia do caso Petrobras deve ser concluída até o final do ano e que a força tarefa espera apenas o término dos trabalhos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).Prisões   Contato com Youssef “Observou-se que, nas empreiteiras que foram denunciadas até aqui, o contato era diretamente com o [doleiro] Alberto Youssef e as empresas dele, em um esquema relativamente simples e fácil de comprovar. Entretanto, o esquema de lavagem que deparamos agora é de depósito no exterior”, explicou Lima.“Uma série de colaboradores nos indicaram os caminhos dos valores no Exterior e isso reforçou, nesse momento, a necessidade do pedido da prisão dos executivos dessas empresas”, acrescentou o procurador. “Esses colaboradores indicam que essas empresa fizeram pagamentos no exterior, então identificamos as empresas offshore que intermediaram os pagamentos. Quando temos três colaboras, o nível de confirmação aumenta consideravelmente”.Além do esquema de fraudes na Petrobras, as investigações que resultaram na deflagração da operação Erga Omnes identificaram que a Odebrecht também pode ter fraudado contratos para as obras da usina nuclear Angra III, no Rio de Janeiro. Posição das empresas Alvo da 14ª fase da Operação Lava Jato, a construtora Odebrecht  considerou a ação “desnecessária”. Já a Andrade Gutierrez negou qualquer relação com o esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras, investigado pela operação.Em nota, a Odebrecht informou que “sempre esteve à disposição das autoridades” e confirmou que foram cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão em escritórios da empresa em São Paulo e no Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira. “Como é de conhecimento público, a CNO [Construtora Norberto Odebrecht] entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”, diz trecho da nota divulgada pela assessoria da empreiteira. Andrade Gutierrez Também em nota, a Andrade Gutierrez disse estar prestando “todo o apoio necessário” aos seus executivos presos. “A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava Jato e espera poder esclarecer todas os questionamentos da Justiça o quanto antes”, diz nota da empreiteira.Ao todo, agentes da Polícia Federal estão cumprido 59 mandados judiciais nos estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, sendo 38 de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito de prisão preventiva e quatro de prisão temporária.O nome Erga Omnes é uma expressão latina usada no meio jurídico para indicar que os efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos e é uma referencia ao fato de as investigações terem atingido, nesta 14ª etapa, as duas maiores empreiteiras do país: Odebrecht e Andrade Gutierrez, que, até então, não haviam sido alvos da Lava Jato.Deflagrada em março do ano passado, a operação Lava Jato desbaratou um esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras para pagamento de propina a agentes públicos e privados. Com o desenrolar das investigações, também foram identificadas práticas ilícitas semelhantes em contratos de publicidades do Ministério da Saúde e da caixa Econômica Federal.

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