Família reuniu dinheiro com amigos para pagar a fiança de Gonçalves, detido na manifestação que ocorreu no bairro Campo Belo, no início do mês
O drama do pintor Manoel Luis Gonçalves, de 31 anos, preso há quase 15 dias no Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia, deve chegar ao final nesta terça-feira (23). Gonçalves foi detido junto com outras duas pessoas durante confronto com a Polícia Militar (PM) na manifestação que ocorreu no bairro Campo Belo, em Campinas, no início do mês. Gonçalves estava com bombinhas e foi acusado de pertencer a um grupo que atirou artefatos que atingiram e feriram um policial.
As outras duas pessoas foram liberadas na primeira semana de prisão após pagarem fiança de cerca de R$ 13 mil. A família do pintor não teve condições de arcar com o valor pedido. Após solicitarem redução na Justiça, a fiança foi arbitrada em R$ 1,5 mil. Ontem, a família conseguiu reunir a quantia com amigos e parentes e efetuou o pagamento. O pintor deve deixar a cadeia no inicio desta manhã.
“Estarei lá às 9h para esperá-lo. Desde que foi preso não tivemos nenhum contato com meu filho. Se foi terrível para nós aqui fora, imagina para ele que nunca fez nada de errado. Nunca foi preso. É trabalhador. É muito triste tudo o que aconteceu”, afirmou a mãe, Valdirlene Leme.
A esposa do pintor também tentou contato com o marido, mas não conseguiu.
“Fomos na semana passada tentar algum contato, mas fomos informados que somente após 15 dias preso a pessoa pode receber comida e outras coisas, além de visita no presídio. É angustiante tudo o que estamos passando. Temos um filho de 6 anos que está na casa da minha mãe. Ele não sabe de nada. Quando pede pra falar com o pai, digo que está trabalhando. Ele não aguenta mais ficar sem falar com o pai”, afirmou Aline Gonçalves.
A mãe do pintor está preocupada com o que o filho passou. “Ele não estava junto com os baderneiros. Ele segurou a bomba e a polícia achou que fosse ele. Não sei como ele está, pois ele deve ter ficado junto de criminosos. Somos família de bem, que trabalha. Não sei pelo que meu filho passou e não sei como vai ser sua reação quando sair. Infelizmente, ninguém que estava lá no dia em que tudo aconteceu veio nos ajudar. Nenhuma liderança de bairro que agitou a manifestação quis saber se precisamos de ajuda para tirar meu filho da cadeia”, lamentou a mãe do pintor.