O bilhete foi endereçado aos advogados dele e foi interceptado pelos agentes da Polícia Federal que fazem a vigilância da carceragem
Marcelo Odebrecht, presidente da construtora, e outros executivos foram presos na Operação Lava Jato ( Cedoc/RAC)
A Polícia Federal (PF) apreendeu na última segunda-feira (22) um bilhete no qual o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, escreveu a frase "destruir e-mail sondas". O bilhete foi endereçado aos advogados dele e foi interceptado pelos agentes da PF que fazem a vigilância da carceragem da Superintendência em Curitiba, onde o executivo está preso desde sexta-feira (19). Entre as frase escritas no bilhete, aparecem os dizeres “destruir e-mail sondas RR”. Para a PF, Marcelo se referia a Roberto Prisco Ramos, executivo da petroquímica Braskem, controlada pela Odebrecht. Bilhete original Após tomar ciência do ocorrido, o delegado responsável pela Operação Lava Jato pediu aos advogados do executivo que apresentassem o bilhete original e justificassem a expressão usada por Odebrecht, sendo que o bilhete original não foi retido pela PF.Ao delegado, os advogados Rodrigo Sanches e Dora Cavalcanti alegaram que o verbo destruir se referia a "estratégia processual e não a supressão de provas". Eles explicaram que o documento original foi levado para São Paulo, por outro advogado, onde fica a sede da empreiteira.Para decretar a prisão dos executivos da Odebrecht, o juiz Sérgio Moro, baseou-se, entre outras provas, em outros e-mails trocados entre Marcelo Odebrecht e Roberto Prisco, nos quais é mencionado o pagamento de propina de US$ 25 mil por dia para operação de sondas de perfuração da Petrobras. Pedido de prisão O Ministério Público Federal pediu nesta quarta-feira (24) ao juiz federal Sérgio Moro a decretação da prisão preventiva do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar. Ele cumpre prisão temporária desde sexta-feira (24), cujo período vence hoje.No pedido, o Ministério Público (MPF) diz que há provas concretas de que o ex-diretor, que pediu afastamento da empresa após ser preso, atuava no pagamento de propina para obter contratos com a Petrobras.Segundo a acusação, mesmo com o afastamento de Alexandrino de suas funções na empresa, ele deve continuar preso, porque ainda tem influência para interferir na investigação. Reuniões “A prova coligida aponta para o fato de que Alexandrino, enquanto diretor da Odebrecht, portanto sob as ordens de seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht, reunia-se com o Alberto Youssef e José Janene para negociar o pagamento de propina dirigida ao grupo político que se beneficiava dos contratos firmados com a Petrobras”, diz o MPF.Em depoimento complementar de delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmou à Polícia Federal que recebeu propina da petroquímica Braskem, para agilizar a venda de nafta pela petroleira.Costa disse que, entre 2006 e 2012, recebeu em média US$ 3 milhões a US$ 5 milhões por ano, em contas na Suíça. O ex-diretor disse que participou de uma reunião na qual estava presente Alexandrino Alencar, ex-executivo da Odebrecht, controladora da Braskem, para tratar dos pagamentos. Veja também Lava Jato rastreia US$ 7 mi de propina atribuída a Odebrecht São 24 registros de transações bancárias, entre 3 de abril de 2009 e 18 de maio 2012, descobertos a partir das confissões e documentos obtidos pela operação Delator cita reuniões com Odebrecht para propinas O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa detalhou em depoimento à Polícia Federal o pagamento de propina de US$ 5 milhões Sérgio Moro revoga prisão de três presos na Lava Jato A decisão favorece os consultores Antônio Pedro Campelo de Souza, Flávio Lúcio Magalhães e Christina Maria da Silva Jorge, ligados à Odebrecht e Andrade Gutierrez