CAMPINAS

Prefeitura usa pregos para tapar buracos

Moradores do Solar de Campinas já recolheram várias latas com materiais perfurantes nas ruas

Gustavo Abdel
gustavo.abdel@rac.com.br
10/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:19

Leonilda Francelina Leite mostra os pregos que vieram junto com material descartado usado para tapar os buracos das ruas (Carlos de Souza Ramos/AAN)

O serviço público que deveria garantir mobilidade tem trazido mais problemas à população do Solar de Campinas, em Barão Geraldo, em Campinas, no limite com Paulínia. Moradores se queixam dos transtornos causados pelas operações tapa-buraco feitas em sete ruas de terra do bairro. O trabalho é realizado pela subprefeitura do distrito com material reciclado processado e a reclamação é de que vem carregado com centenas de milhares de pregos, parafusos e outros materiais perfurantes. Moradores já acumulam um estoque desse material e reivindicam há mais de cinco anos o asfaltamento das vias. Também acumulam reclamações, há 30 anos, desde a construção das primeiras residências, quanto à falta de rede de esgoto e precariedade em pontos de ônibus, entre outros problemas de infra-estrutura. Material recolhido Esgoto e asfalto, para a moradora Maria Gimenes, de 60 anos, são a prioridade. “Acredito que seja a principal reivindicação de todos os moradores. A turma está cansada de pegar latas e mais latas de pregos jogados na rua”, disse. A moradora aguardava nesta quinta-feira (9), na esquina da Rua Resedá das Antilhas, o ônibus escolar que levaria a neta. “Isso é insuportável”, disse quando o veículo parou e o pó subiu. Os alunos aguardam o ônibus escolar na beira da rua, pois não existem calçadas. Tampouco há pontos de paradas nas vias. Na Rua Acácia Mimosa, a dona de casa Leonilda Francelina Leite, de 69 anos, guarda em sua garagem cinco latas de tinta repletas de prego e parafusos. “Isso aqui não é nada. Tem muitos moradores que tiram latas e latas toda vez que o caminhão despeja entulho na rua”, disse. Em um único dia, sua filha Lígia teve dois pneus furados em horas distintas. Leonilda despejou uma das latas para mostrar os objetos perfurantes, todos enferrujados. Asfalto é reivindicado A moradora também mostrou o número do pedido de inclusão do bairro no plano comunitário de infraestrutura, protocolado na Prefeitura há três anos. “Essa discussão de passar o asfalto no bairro é antiga. Em 2012, conseguimos a aprovação de 90% dos proprietários de imóveis no bairro para protocolarmos esse pedido”, explicou Leonilda.Ao todo, são 154 lotes e o valor de um terreno pode chegar a mais de R$ 200 mil. O local, apesar de estar em área rural e com acesso restrito é classificado como padrão classe média pela Prefeitura. As ruas receberam recentemente os contêineres para depósito de lixo orgânico, um ponto positivo avaliado pelos moradores. Foto: Carlos de Souza Ramos/AAN Moradores reclamam da poeira e reivindicam asfaltamento das ruas   Apesar das reivindicações, porém, nem todos consideram o asfaltamento a principal demanda. “Não vejo necessidade de asfalto. Perderia a característica do bairro. Uma das minhas principais reclamações são as constantes queimadas, que deveriam ser combatidas pelas autoridades”, disse o professor de história Leonardo Mendes, de 44 anos, morador da Rua Manacá da Serra há três anos. Plano comunitário No Plano Comunitário de Pavimentação, ou de Infraestrutura, como também é chamado, a Administração assume o custo do asfalto ao lado das áreas públicas e as famílias pagam pelo serviço na frente do seu imóvel. Quando não há 100% de adesão, a Prefeitura assume o que falta e, posteriormente, lança em carnê como contribuição de melhoria para moradores que não aderiram.A Secretaria Municipal de Infraestrutura confirmou o registro do protocolo pelos moradores do Solar de Campinas em 2012, mas informou que atualmente esse pedido está no setor de projetos viários da pasta e não há previsão para sua execução. Informou ainda, por meio da assessoria de imprensa, que há uma ordem de prioridade para a execução do plano comunitário, principalmente em bairros mais carentes. Passar na peneira Sobre os pregos e parafusos despejados junto com o entulho, a Subprefeitura de Barão Geraldo informou que o material é proveniente da Usina de Reciclagem (UR) e que não tem tido problemas com seu uso em outras áreas da cidade. “A utilização desse material não tem sido motivo de reclamação nos demais bairros. Haverá uma intensificação da triagem no momento de despejo na rua. Será feita também uma peneirada para evitar que os pregos caiam no solo”, informou a assessoria. Sobre a rede de esgoto, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) informou que a licitação já foi realizada e que, em maio, começam as obras no bairro.

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