Mortandade que comvoveu a população local; não há previsão para terminar serviço
Aos 72 anos, o piracicabano aposentado Antonio Mazzero não conseguiu conter as lágrimas enquanto observava o Rio Piracicaba, nesta quinta-feira de manhã (13), praticamente seco e com muitos peixes mortos. “O que será que Deus está querendo nos dizer com isto?”, questionou. Na quarta-freira (12), uma grande mortandade de peixes surpreendeu a população da cidade. A retirada dos peixes mortos no rio teve início nesta quinta de forma artesanal. Coletores de lixo pegavam os peixes com as mãos — utilizando luvas, botas e máscaras de proteção —, colocavam em um recipiente e, em seguida, eram depositados em um caminhão da Ambiental, responsável pela coleta de lixo da cidade. O mau cheiro é forte na região do bairro Nova Piracicaba. Vai continuar De acordo com a Sedema (Secretaria de Defesa do Meio Ambiente), a Ambiental retirou, em duas horas, 250 quilos de peixe da margem do Rio Piracicaba. O serviço foi retomado no final da tarde e deve continuar nos próximos dias, de acordo com a necessidade. Os peixes foram levados à Área de Transbordo e Triagem (ATT), do Pau Queimado, e serão encaminhados aos aterros licenciados, que já recebem o lixo o doméstico de Piracicaba. “Não tem muito que fazer. É difícil coletar os peixes que estão no meio do rio, porque o espaço não está navegável. Por isso, resolvemos dar início ao trabalho de limpeza ao menos nas margens”, disse o secretário de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba, Rogério Vidal.A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), afirma que os peixes serão adequadamente armazenados e destinados à unidade de tratamento de resíduos licenciados e autorizadas pela entidade. A nota diz ainda que, considerando a situação emergencial, “os peixes poderão ser armazenados junto com resíduos sólidos domiciliares ou com resíduos dos serviços de saúde”. A profundidade do Piracicaba era de apenas 89 centímetros na manhã desta quinta-feira, de acordo com a medição do Comitê das Bacias do PCJ (Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). O normal para esta época do ano é em torno de três metros. A vazão estava em 13,62 m3/s, o que também está abaixo da média histórica. O rio vive a maior seca para o período nos últimos 50 anos. Espécies Piaparas, curimbatás, mandis, piaus, jurupecens, corvinas, cascudos e dourados, de vários tamanhos, são a maioria das espécies mortas. O analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Tropicais (Cepta), de Pirassununga, Paulo Sérgio Ceccarelli, afirma que a provável causa das mortes é a falta de oxigênio devido à baixa vazão. “É preciso um laudo para saber as causas reais, mas quanto menos água, maior a temperatura e menos é o oxigênio. Se chover, as condições melhoram, mas os peixes não vão desovar. Os peixes que estariam nascendo agora, daqui a três anos seriam reprodutores.”