CAMPINAS

Prefeitura amplia terceirização de serviços para sete áreas

Sindicalistas e representantes de diferentes conselhos da cidade são contrários ao projeto

Da Agência Anhanguera de Notícias
14/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:51
Vítimas de tiroteio no bairro Ouro Verde foram atendidas no Pronto Socorro do Hospital Ouro Verde (Reprodução)

Vítimas de tiroteio no bairro Ouro Verde foram atendidas no Pronto Socorro do Hospital Ouro Verde (Reprodução)

A Prefeitura de Campinas ampliou de três para sete o número de secretarias que poderão contratar organizações sociais, as Oss, para serviços terceirizados. A ideia inicial era ter o terceiro setor em atuação na Cultura, Saúde e Esporte. Pelo projeto enviado à Câmara, o Executivo poderá também contar com esses contratos na Educação, Meio Ambiente, Assistência Social e Desenvolvimento Tecnológico.   O secretário de Administração, Silvio Bernardin, disse que a decisão foi apenas para permitir que, no futuro, a Prefeitura possa contar com as organizações sociais para outras áreas. “No momento temos apenas planejado para Cultura, Esporte e Saúde, principalmente para resolver o problema do Hospital Ouro Verde”, disse o secretário. Antes de entrar em votação, a proposta passará por audiências públicas.   Sindicalistas e representantes de diferentes conselhos da cidade são contrários ao projeto e já pressionam os parlamentares pela derrubada. Eles são contra a terceirização.   Convênios   As organizações sociais atuam hoje no poder público em Campinas na gestão do Hospital Ouro Verde e na administração das naves-mãe. Elas são conveniadas. No entanto, o governo alega que esses contratos, feitos na forma de convênio, foram questionados e precisam se adequar ao marco regulatório do terceiro setor. O novo modelo, segundo a Administração, deve ser o de chamamento público. O Executivo também quer uma lei mais ampla para abrir possibilidades a novas contatações de funcionários para áreas que considera deficitárias.   De um lado, interlocutores do prefeito Jonas Donizette (PSB) alegam que estão sufocados com a folha de pagamento e que não têm mais condições de fazer grandes concursos públicos para suprir a demanda sem comprometer a folha de pagamento. Do outro, sindicalistas rejeitam a decisão e acreditam haver um desmonte do serviço público.   Sem licitação   Pelo projeto de lei apresentado pelo governo não haverá licitação para essas contratações e será feita uma convocação pública pelo Diário Oficial do Município para que todas as interessadas possam se apresentar. A proposta também define, por exemplo, quais serão os critérios de fiscalização do contrato e serviços com previsão, inclusive, de que, se houver “malversação de bens ou recursos de origem pública”, os responsáveis pela fiscalização farão representações ao Ministério Público.   O secretário de Relações Institucionais, Wanderley Almeida, afirmou que o governo precisa manter serviços e que não tem mais como contratar uma grande quantidade de servidores de carreira, devido ao comprometimento da folha de pagamento com o limite estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.   “Mas nós temos que manter esses serviços funcionando. Nós contratamos via concurso público mais de 3 mil funcionários e não vamos abandonar esse modelo. Só não conseguimos suprir todas as necessidades hoje apenas com os servidores de carreira”, afirmou. O Executivo alega que a contratação de organizações sociais evitará a desassistência de áreas importantes do poder público. Plano semelhante patinou em 2010A intenção de repassar a gestão de alguns serviços públicos para organizações sociais não é nova em Campinas. Depois de contratar a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) para a gestão do Hospital Ouro Verde, o prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) chegou a encaminhar para a Câmara, em 2010, uma proposta semelhante a apresentada por Jonas agora.   Na época, o PSB, DEM, PPS e o PT foram contrários ao projeto sob a alegação de que o Executivo daria um “cheque em branco” para o terceiro setor. O projeto do pedetista previa a contratação dessas organizações para a Saúde, Esporte, Educação e Cultura.   Manifestações   O projeto, na época, chegou a passar por audiência pública e entrou na pauta para ser votado em primeira discussão (legalidade), mas devido à polêmica, foi retirado pelo líder Francisco Sellin (PDT). Grupos contrários fizeram manifestações em frente ao prédio da Prefeitura e o então prefeito, em março de 2011, resolveu retirar a proposta da Câmara para adequações.   Integrantes do governo Hélio, na ocasião, eram alvo das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e perderiam um mês depois o apoio do Legislativo para que propostas enviadas pelo Executivo, como a das Oss e outras, fossem votadas. Hélio foi cassado em agosto daquele mesmo ano.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por