CONFUSÃO

Prefeito de Águas de São Pedro é acusado de agredir GM

Paulo César Borges (PSDB) teria agredido o guarda durante reunião entre a corregedoria da guarda e comando da corporação. Borges deu cinco tapas no peito do GM

Gustavo Abdel
26/05/2015 às 21:23.
Atualizado em 23/04/2022 às 12:20
Guarda mostra marcas de suposta agressão cometida pelo prefeito de Águas de São Pedro (no detalhe) (  Divulgação)

Guarda mostra marcas de suposta agressão cometida pelo prefeito de Águas de São Pedro (no detalhe) ( Divulgação)

O prefeito de Águas de São Pedro, Paulo César Borges (PSDB), agrediu um guarda municipal durante reunião entre a corregedoria da guarda e comando da corporação, na tarde de segunda-feira, 25, na sede da Prefeitura. Borges deu cinco tapas no peito de um guarda, que imediatamente registrou boletim de ocorrência de lesão corporal. O caso foi encaminhado para a Delegacia Seccional de Piracicaba. Um vereador, um candidato à prefeito e até um padre já teriam sido vítimas de agressões de Borges em outras ocasiões, disseram guardas municipais.Segundo declarações de alguns guardas que aguardavam uma conversa com a corregedora no hall de entrada do gabinete do prefeito, Paulo Borges saiu de sua sala, foi em direção ao guarda Carlos Roberto Ferreira da Silva e bateu com toda a força cinco vezes contra o seu peito. “Foi uma espécie de surto que o prefeito teve. Os tapas foram tão fortes que ele foi jogado contra a parede. Mas o guarda não revidou, e saiu dali diretamente para o pronto-socorro da cidade”, disse um dos guardas que presenciou a cena, e não quis se identificar. “Esse é um dos meus”, foi a frase que o prefeito teria dito, de maneira irônica, segundo os guardas, enquanto batia no peito do rapaz. Nenhum outro profissional foi cumprimentado pelo chefe do Executivo, que após a agressão se dirigiu ao banheiro e depois voltou para a reunião, onde ele e o comandante da GM, Cristiano Chiosini, estavam sendo ouvidos pela corregedoria da GM.A atitude do prefeito, segundo testemunhas, foi um reflexo do que aconteceu no Carnaval desse ano no município. O prefeito teria solicitado ao comandante da GM, no dia 16 de fevereiro, para que destacasse uma viatura da guarda para ficar em frente à sua residência, das 8h às 5h. A ordem do prefeito foi questionada pela corporação, que justificou como impossível o destacamento, uma vez que a guarda estava com efetivo reduzido para o Carnaval — que reúne mais de 15 mil foliões na estância turística.O comandante da GM teria entendido que os guardas se negaram a ficar em frente à casa do prefeito, e repassado esse comunicado a ele. Borges então dispensou nove guardas dos períodos noturno e diurno, e um mês depois, no dia 19 de março, foi instaurado processo administrativo contra os guardas.A reportagem teve acesso ao conteúdo do processo em que revela que o prefeito do PSDB teria visto, uma noite antes do pedido de campana em sua casa, um veículo com pessoas suspeitas rondando sua residência. Entretanto, segundo os guardas, a ordem de fiscalizar a casa de Borges não foi negada — eles tentavam encontrar uma maneira de não deixar um guarda permanentemente vulnerável, com uma viatura, estacionada na frente da casa. “Pensamos em fazer uma ronda permanente”, disse outro guarda. O prefeito teria contratado três guardas extras para suprir os nove dispensados.Na segunda os guardas foram até a Prefeitura informar a corregedoria que não haviam conseguido constituir advogado para defendê-los do processo que enfrentam. Essa exigência está sendo feita, mesmo que a Súmula 5 do Supremo Tribunal Federal (STF) indique que “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.Eles estavam aguardando o desfecho da reunião quando o prefeito agrediu o guarda. Hoje, os nove guardas serão ouvidos sobre o episódio da noite de Carnaval. A reportagem procurou o comandante da GM, Cristiano Chiosini, mas ele informou por sua secretária que poderia falar sobre o caso somente nesta quarta-feira, após o meio-dia. A reportagem também tentou falar com o guarda que sofreu a agressão, mas as ligações caíram na caixa postal.De acordo com informações do Boletim de Ocorrência, o guarda agredido conseguiu um laudo médico somente em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de São Pedro, pois em Águas, após ser medicado e liberado, “a médica se negou a entregar qualquer cópia de exame para a vítima”, informou o B.O.Outro ladoO chefe de gabinete da Prefeitura, Alexandre Marques, informou que o prefeito rechaça qualquer tipo de agressão, e que Borges cumprimentou todos os guardas. “Eu não estava presente, mas sei que cumprimentou todos eles.” Marques confirmou que o prefeito participava de uma sindicância com a corregedora do município, que apura “a insubordinação de guardas municipais.” “O prefeito solicitou a presença da guarda em sua casa e foi negada. Formalmente não tomamos conhecimento do teor do conteúdo do boletim”, finalizou.

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