Prefeitura garante que há impedimentos jurídicos no processo de permuta dos terrenos que o Botafogo quer para saldar dívida e evitar leilão do Santa Cruz
O Botafogo apresentou projetos de lei com permutas concedidas pela Prefeitura Municipal, argumentos para comprovar o interesse público na troca de terrenos ao redor do estádio Santa Cruz, mas nada disso serviu para convencer a prefeita Dárcy Vera (PSD).A chefe do Executivo não quis conceder entrevista para falar sobre o assunto, mas explicou que não aceitou a proposta do Tricolor por que os advogados da Prefeitura encontraram impedimentos jurídicos no projeto e ela se posicionou contrária a intenção da diretoria do Pantera de vender o terreno que foi cedido em comodato ao clube em 2035. Dárcy Vera não aceita a ideia do clube vender um terreno que pertence a administração municipal para que o dinheiro seja utilizado para liquidar a dívida do clube com o Axial, que passa de R$ 58 milhões. O secretário municipal de Esportes, Marcelo Palinkas, concorda com o posicionamento adotado pela prefeita. “A Dárcy já deu a manifestação dela e se não tem uma necessidade do município em fazer essa permuta, então não vejo o porquê de se fazer isso. Há outras prioridades para a Prefeitura agora”, disse Palinkas, que acredita que a desconfiança gerada pelas ações de diretorias antigas do Botafogo também pode ter pesado na decisão. “Se tem uma dívida é porque houve má gestão e cabe ao Botafogo buscar uma solução. Se sana essa dívida a partir de agora, quem garante que daqui para frente não irá acontecer tudo de novo e se cria outra dívida. Nós vemos que essa diretoria atual é séria, mas quem garante que daqui a algum tempo não vai aparecer outra dívida.” Já o secretário municipal de Turismo, Tanielson Campos, acredita que se a Prefeitura atender ao pedido do Botafogo irá abrir uma brecha administrativa. “Em relação a entidades privadas a Prefeitura tem as suas limitações, ela não pode fazer tudo porque se ela fizer para um vai ter que fazer para todos e aí até a ‘Dona Joana do bairro’ vai querer ajuda também. Aquilo que está dentro da lei a Prefeitura pode fazer, agora em relação ao privado cabe ao privado resolver.” Campos não acredita que as discussões entre Botafogo e Prefeitura possam atrapalhar os planos dos políticos em relação a implantação de uma sub sede na cidade para receber a Seleção da França para treinamentos durante a Copa do Mundo. Mesmo com a possibilidade do estádio Santa Cruz ir à leilão ou passar pelo processo de venda, o secretário garante que os franceses, se garantirem classificação para o Mundial, virão para Ribeirão. “Temos duas propostas aprovadas pela França e eles decidiram ficar em Ribeirão, não só no Botafogo. Se uma dessas propostas, no caso o estádio Santa Cruz, for inviabilizada, então temos a outra que é o CT Manoel Leão.” Sobre a reclamação de falta de apoio do município aos clubes de futebol que representam a cidade, Campos garante que tem feito o possível para cooperar. “A Prefeitura tem trabalhado muito para trazer eventos turísticos para Ribeirão e assim trazer dinheiro para a cidade. Eu mesmo já levei vários turistas no estádio do Botafogo e eles compraram camisas na loja do clube.” RespostaO presidente do Botafogo, Gustavo Assed Ferreira, garante que o clube não irá desistir da proposta de permuta dos terrenos, mesmo diante de nova negativa da Prefeitura. “A gente sabe que é possível e viável e conhecemos a história das permutas em Ribeirão Preto. Não queremos nada de graça e nem lesar a Prefeitura, que não terá que dar um centavo para o Botafogo”, ressaltou o presidente. Assed Ferreira lembrou que a grande maioria das construtoras de Ribeirão Preto já viabilizaram permutas idênticas com o aval da Prefeitura e não houve nenhum impedimento. “As outras permutas que são feitas pela Prefeitura foram feitas para projetos sociais ou para negócios? Permutas são feitas por organizações econômicas e tem interesses comerciais no negócio. Por que só o Botafogo não pode ter interesse?”, indagou o dirigente.