LÍQUIDO & CERTO

Porque não posso ter Riedel

03/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:58

Não sei quanto a você, caro leitor, mas eu sou daquelas que morrem de ciúmes das minhas taças. Fico com o coração partido quando ouço aquele trim do cristal tinindo numa superfície dura.

Não que eu esteja livre de promover tais baixas entre os meus acessórios – aliás, prezo apenas o abridor e o corta-gotas (os demais tenho, mas não uso).

Ocorre que, independentemente do número de garrafas abertas, é raro uma taça se partir na mão.

Admito: tenho apego desmedido por elas. Tarefas para as quais os amigos sempre se oferecem, como lavar, enxugar ou guardar, são bem-vindas desde que eles não toquem nos cristais.

Na hora do brinde, fico com a respiração presa só de imaginar que um pequeno entusiasmo nos votos de saúde possa provocar um acidente irreparável à minha coleção.

Existem taças de cristal com chumbo, que são mais duráveis, e há ainda bons similares de vidro para o dia a dia (ou destinadas aos “mãos bobas” de sempre).

Não adianta; com essas eu também sou neurótica. Mas não pense você que a minha cristaleira (por sinal, não tenho) exibe uma coleção Riedel completa... Nada disso.

Adoro as taças de degustação básica, a Iso 2000, que atendem a todas as minhas necessidades. Tenho ainda as flüte pra champanhe, algumas bojudas para borgonhas e só. Por que, então, tanta frescura? Ora, se eu soubesse me curava, né!

Mas estou confessando isso por conta de uma notícia muito repicada no Velho e Novo Mundo que, a rigor, vai interferir pouco na vida dos apreciadores, maníacos ou não.

Em julho ocorre décima mudança de geração na mais famosa cristaleria do mundo, a austríaca Riedel. Georg J. Riedel vai passar o bastão ao filho Maximilian J. Riedel, uma sucessão que rivaliza com a do papa Bento XVI em interesse.

Exageros à parte, a repercussão é justificada por se tratar de uma marca que revolucionou o hábito de tomar vinho no mundo e ativou a sanha compulsiva de enófilos propensos à perfeição.

As primeiras declarações do sucessor adiantam os planos de expandir a subsidiária da empresa na China (de novo!), fortalecer a praça europeia e abrir mercados na América Latina nos próximos três anos.

Mas, afinal, o que tem essa marca de diferente? Primeiro, a história, que começou com o comerciante de vidro Johann Christoph Riedel, nascido em 1673. Desde então, a marca vem passando de geração em geração, confirmando o status de excelência em objetos de cristal.

Para os enófilos isso significa coleções de taças caprichosamente desenhadas de modo a realçar as características de cada uva.

Há ainda joias como a série Sommeliers Black Tie, que quando foi lançada, nos anos 60, recebeu o prêmio Museu de Arte Moderna de Nova York pelo seu design inovador.

Hoje, a linha está ainda mais nobre, com seus pés pretos. Mas o que está por trás encanta ainda mais.

São fabricadas a mão por 25 artesãos nos modelos Bordeuax, Bourgogne, Riesling, Loire, Montrachet e Champagne.

Essa é apenas uma das coleções. Há outras, inclusive a Tyrol, pensada para o dia a dia.

Oh! Como queria ter uma coleção dessa pra cuidar! Pensando bem, melhor não. O TOC ia fica fora de controle. Saúde!

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