FÁBIO TOLEDO

Por um trânsito mais humano

11/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:21

O Correio Popular de ontem nos trouxe a lamentável notícia de inúmeros atropelamentos, muitos deles com vítimas fatais, que ocorrem diariamente em nossas rodovias. Os deslocamentos para o local de trabalho, estudo, lazer, compras etc. é uma realidade cotidiana no mundo contemporâneo. Assim, quando nos deparamos com dados negativos como esses não podemos apenas lamentar, mas devemos refletir sobre como poderíamos enfrentar o problema para que no trânsito se assuma uma postura de efetiva de valorização da vida.Observamos recentemente um fantástico aumento no número de veículos circulando nas vias públicas. No entanto, o sistema viário não aumentou significativamente e não foram tomadas medidas adequadas para assegurar a fluidez do trânsito. Isso tem gerado congestionamentos e, como reflexo, motoristas mais estressados e propensos a praticar pequenas ou grandes imprudências.Mas as atitudes imprudentes no trânsito, como toda ação humana, não têm o seu motivo exclusivamente em fatores externos, tais como congestionamentos, presença (ou ausência) de passarelas para pedestres etc. Ao contrário, são reflexo do que se passa no interior de cada indivíduo. Bem por isso que a solução de problemas de acidentes começa por melhorar o ser humano por dentro.Um primeiro ponto a se trabalhar nas pessoas, por um trânsito mais humano, é o respeito às regras. Ainda somos muito amadores nisso. Por exemplo, dispõe o artigo 70 do Código de Trânsito Brasileiro: Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.Isso quer dizer que nas vias onde houver faixa de pedestre e não tiver semáforo os veículos deveriam parar para o pedestre atravessar. Porém, alguém se arriscaria a iniciar a travessia nesses locais em Campinas ou mesmo nas grandes cidades do nosso País? Por outro lado, muitos pedestres se arriscam a atravessar as ruas e avenidas, mesmo em locais próximo às faixas, passando em meio aos veículos causando riscos a todos.Outro exemplo, agora em relação ao ciclista: Onde não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento livre o ciclista poderá trafegar nos bordos da pista, onde terão preferência sobre os veículos automotores (art. 58 do CTB). Nesse caso, o motorista que não mantiver uma distância mínima de um metro e meio ao passar ou ultrapassar o ciclista comete infração de trânsito (art. 201 do CTB). Essa regra é respeitada? Por outro lado, quantas vezes não encontramos ciclistas trafegando no meio da via destinada aos automóveis em locais em que há ciclofaixa, por exemplo, no entorno do parque do Taquaral...É necessário que iniciemos bem cedo a educação das nossas crianças para o trânsito. Nesse sentido, é importante que se façam campanhas de esclarecimentos nas escolas. Também as grandes redes de TV poderiam prestar um serviço valiosíssimo de esclarecimento. Porém, o mais importante é o bom exemplo dos pais.Mas não basta fomentarmos em nossos filhos e alunos o mero cumprimento de normas. Mais que isso, é necessário que eles interiorizem uma postura de valorização da vida e da pessoa do outro, que saibam se colocar no lugar dos demais, promovendo atitudes de respeito e compreensão.Com isso, mais que obedecer as regras de preferência de passagem, por vezes, saberão ceder essa preferência, quando isso for possível sem risco. Por exemplo, poderão diminuir a velocidade para permitir que um veículo mude de faixa e entre na sua frente, ao invés de se apressar para impedir essa manobra. Enfim, devemos ensiná-los que é questão de justiça cumprir as leis justas, mas que o amor supera a justiça e nos faz ver nos outros pessoas de uma dignidade imensa e por cujas vidas devemos zelar também quando nos deslocamos de um lugar a outro.

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