LALÁ RUIZ

Por um reino da fantasia

Lalá Ruiz
28/03/2013 às 05:01.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:43
ig-lala (CEDOC)

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Outro dia, aqui na Redação, engatamos uma conversa animada sobre Game of Thrones (ou Guerra dos Tronos, em português), a série de televisão. Tudo começou quando o colega Fábio Trindade recebeu um e-mail informando que o serviço Now, da NetHD, iria disponibilizar, para não assinantes da HBO, a primeira temporada do seriado com o objetivo — não declarado, mas subentendido — de promover a estreia do terceiro ano do programa, que chega à TV por assinatura, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, justamente no dia 31 de março. “Agora vou ter de assistir”, disse Fábio, emendando com a pergunta: “Será que é tão bom assim?”. Ao que eu e o editor Rodrigo de Moraes praticamente respondemos em uníssono: “Sim!”. E começamos então a discutir sobre os personagens, os diferentes aspectos da trama, o trabalho dos atores etc. Não posso aqui escrever pelo amigo Rodrigo, mas listo a seguir algumas das razões pelas quais Game of Thrones me conquistou.

1) É um trabalho “em progresso”. A produção é baseada na série literária de sucesso no mundo todo criada pelo escritor norte-americano George R.R. Martin, ainda não concluída. No Brasil, foram publicados cinco volumes dos sete já escritos. Martin, inclusive, está diretamente envolvido na realização da adaptação para a TV, tendo colaborado no roteiro dos 30 episódios produzidos (sendo dez inéditos, pois compõem a terceira temporada), além de ser um dos produtores executivos.

2) George R.R. Martin é um autor destemido. Ele não vê qualquer problema em matar nossos personagens favoritos (R.I.P. Ned Stark, interpretado por Sean Bean na primeira temporada) ou de levá-los do céu ao inferno (e vice-versa) com a velocidade com que os filhotes de dragão de Daenerys Targaryen (personagem de Emilia Clarke) saem cuspindo fogo no trailer da nova temporada — que o diga Tyrion Lannister, interpretado magistralmente por Peter Dinklage (não vou contar o que aconteceu... não quero ser estraga-prazeres de quem pretende se aventurar nas delícias do seriado).

3) Sim, Game of Thrones tem dragões! Para o leitor que ainda não se localizou, trata-se de uma história de fantasia, com reinos distantes, terras geladas onde o Inverno sempre está chegando (entenda-se o pior está por vir), habitada por seres misteriosos, com seus códigos de honra, intrigas palacianas, incesto, infanticídio (não é para crianças, muito menos para fracos) e... dragões “chocados” por uma das reclamantes ao trono de Westeros, em King’s Landing, no caso, Daenerys (volto a repetir: não vou entrar em detalhes para não atrapalhar...)

4) As locações são de tirar o fôlego — as gravações ocorrem na Irlanda do Norte, Malta, Croácia e Islândia — e a caracterização dos personagens é irretocável. Vejam Michelle Fairley como Catelyn Stark, por exemplo. A tendência, em Hollywood, é que a atriz que interpreta um personagem importante seja uma beldade. Não estou dizendo aqui que Michelle seja feia, mas ela é uma mulher “real”, com rugas, que mostra a idade, perfeita para interpretar a matriarca de uma família influente, com muitos filhos e que mora no fim do mundo onde só tem frio e neve. Se fosse num filme de grande estúdio, me arrisco a chutar que teriam escalado uma Angelina Jolie da vida...

5) Podem me chamar de puxa-saco, mas, o fato de a série Game of Thrones ser produzida pelo canal pago HBO é um diferencial considerável. A emissora tem um jargão — “Não é TV, é HBO” — que até virou piada no meio, mas ousadia é uma das características das séries e filmes com a assinatura do canal. Afinal, não é qualquer emissora que aposta em propostas tão interessantes quanto inovadoras como Família Soprano (sobre o segundo escalão da Máfia em Nova Jersey), Roma (sobre a derrocada do Império Romano, mas com um viés diferente e picante), True Blood (sobre vampiros que “saíram do armário”), Mad Men (que enfoca o mundo da publicidade nos anos 50 e 60), a brasileira Filhos da Carnaval (sobre o submundo carioca) e a própria Game of Thrones. É o tipo de canal que faz o trabalho que esperamos seja feito no cinema, hoje em dia um meio cada vez mais convencional, chato e voltado a interesses de uma indústria infantilizada.

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