A autoria, ou autorias, da morte da família em São Paulo na última semana ainda não foi de forma convincente esclarecida pela polícia. O delegado continua a afirmar que Marcelo, o filho de treze anos recém-completos, foi o autor. Mas quais seriam os motivos que o levaram a dizimar sua família e em seguida suicidar-se? Nada acontece por acaso. Se ele realmente tivesse cometido a chacina, as causas certamente seriam muito drásticas.Os vizinhos, parentes, professora e a médica que o tratava informaram, inconformados, que o garoto era tranquilo, amável e nutria forte afeição por seus pais e por sua avó materna. Ninguém mata outra pessoa se não nutrir ódio por ela.Um pré-adolescente teria poucas condições de fingir, dissimular e manipular todas estas pessoas com quem mantinha contato. A possibilidade de ele demonstrar agressividade seria esperada, e mais de uma pessoa, certamente, teria observado a sua hostilidade.O colega de classe afirmou para a polícia que ele havia dito que pretendia matar os pais, durante a noite, viver em uma obra abandonada e tornar-se um matador de aluguel. Primeiramente, este garoto pode ter sido influenciado pelas notícias a respeito das mortes, e ter mencionado esta fantasia para alguém, que o levou para prestar esclarecimentos à polícia. Outro aspecto nesta estória é a sua incoerência, visto que um assassino frio e maquiavélico não teria voltado para casa, mas sim, pegaria o carro de sua mãe – estacionado perto da escola – e teria fugido para completar o seu plano.É muito improvável que Marcelo tenha cometido os crimes, ido para a escola, voltado para casa e em um repente de arrependimento, suicidado: quem decide matar, não irá se arrepender.Veja-se que até uma luva foi encontrada no banco traseiro do veiculo de sua mãe, indicando que haveria o planejamento. Quem planeja nestas condições, dificilmente muda o rumo dos seus desejos de modo tão simples.Brincar com armas e com jogos violentos não são motivos suficientes para se aludir que Marcelo tivesse características psicopáticas, afinal, quantos meninos de sua idade fazem isto e não agridem ou matam ninguém? A agressividade sempre se revela e ela teria sido vista por várias pessoas, caso ele fosse agressivo, insensível e sádico. Não tenho a menor dúvida do sadismo presente em mortes violentas como estas.Alguém poderia ter passado na casa da família e convidado Marcelo para sair, com o consentimento de seus pais, ludibriando-o a ficar no carro até o momento de entrar na escola e ainda, ter dito que seu pai dormiria até tarde, depois de um plantão. Isto poderia explicar o motivo de ele ter ficado no carro e dito ao pai de seu colega, que lhe deu carona, que seu pai estava dormindo.Ele era um garoto que poderia ter sido enganado por alguém de sua confiança, ou da confiança de seus pais? Se ele foi realmente o homicida, motivos drásticos e sinistros invariavelmente estariam presentes, quem sabe, envolvendo sua esfera sexual. Estas características de Marcelo, de seus pais e da dinâmica psicológica de sua família, essenciais para elucidação destes crimes, podem ser obtidas através do método Autópsia Psicológica, utilizado em casos de mortes duvidosas.Estas minhas hipóteses, imagino, devem estar sendo investigadas pela polícia.
