RUBENS MORELLI

Por menos circo

Rubens Morelli
22/06/2013 às 00:01.
Atualizado em 25/04/2022 às 11:15

Na semana passada, eu pedi, aqui neste espaço, mais respeito por parte da Fifa e dos governantes brasileiros à população. E o que vi acontecer foi o presidente da entidade máxima do futebol perguntar onde estava o fair play do povo brasileiro com a presidente Dilma Rousseff. É ou não é ter muita cara de pau? Oras, cada um recebe do outro aquilo que oferece. Essa é uma das Leis do Universo, aliás. O que vai, volta.

Interessante notar também o comportamento dos mandatários em relação à onda de protestos que tomou conta do País nos últimos dias. Depois de ficar calada por um tempo, Dilma afirmou que está ao lado do povo, que as manifestações pacíficas têm o apoio dela, que o Brasil acordou mais forte, que isso é um show de democracia, blá-blá-blá. Acontece que os manifestantes não querem o apoio da presidente. Todos querem ações.

Dentre tantos itens de reclamações da massa, vou me ater apenas aos gastos com a Copa do Mundo, e, consequentemente, com a Copa das Confederações, já que este é um espaço da editoria de Esportes. Para o Mundial, milhões de reais foram desviados na construção dos estádios. E continuam sendo. Nesta semana foi divulgado um aumento de 10% na previsão de gastos para a Copa. Já são mais de R$ 28 bilhões. Dinheiro suficiente para construir 90 mil postos de saúde (isso se não tiver roubalheira) ou contratar 2 milhões de professores, ou pelo menos dobrar o salário de 1 milhão deles.

Tem gente que diz que ainda não entendeu os motivos dos protestos. Eu explico. Muitos — para não dizer todos — brasileiros estão de saco cheio de tanta roubalheira e corrupção. De viver na base do pão e circo. De ouvir que os problemas se resolverão se a Seleção for campeã do mundo de futebol.

E não ajuda em nada uma figura tão importante para o Brasil como o Pelé vir a público para dizer, a essa altura do campeonato, que o povo tem de deixar as manifestações de lado para apoiar a Seleção na Copa das Confederações. Só pode ser brincadeira. De mau gosto ainda.

O momento pelo qual passamos é um dos mais emblemáticos da história do País. Agora que as manifestações deram resultado, com a redução das passagens, as pessoas sabem que estão no caminho certo. Apesar de alguns atos isolados de vandalismo — que devem ser combatidos e as pessoas, punidas —, o movimento segue para mudar o Brasil.

Para finalizar, Joseph Blatter ameaçou que se os protestos continuarem, ele poderá tirar a Copa do Brasil. Pois que tire, e que devolva o nosso dinheiro investido nesses estádios inúteis para a saúde e a educação.

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