'BRIGA' LEGAL

Por 30 horas, servidores apostam em projeto da Câmara

Sindicato espera que vereadores aprovem projeto que anula decreto da prefeita que adiou cumprimento da redução de jornada na saúde

Guto Silveira
05/10/2013 às 21:38.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:22

Depois de ter indeferida a liminar solicitada em ação ordinária movida pela anulação de decreto que adiou por 180 dias a redução da jornada de trabalho para setores da saúde, o Sindicato dos Servidores Municipais aposta na aprovação de um projeto de decreto legislativo em tramitação na Câmara. A proposta foi apresentada na quinta-feira (3) pelo vereador Marcos Papa (PV) e tem como objetivo sustar os efeitos do decreto.Os servidores já marcaram para a próxima terça-feira (8) um novo ato de protesto na Câmara, para pressionar os vereadores a votar o projeto de decreto legislativo. “Sendo matéria de interesse dos servidores, a Câmara pode incluir na pauta, se não estiver, e votar”, disse Wagner Rodrigues, presidente do Sindicato. A entidade também estuda recorrer da negativa de liminar ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A medida, prevista no artigo 47 da Lei Orgânica do Município (LOM), é controversa. Para o presidente da Câmara, Cícero Gomes da Silva (PMDB), a aprovação do decreto legislativo pode levar a uma discussão judicial, mas o defende como medida de discussão política. “Entendo que o efeito é nulo. Mas a discussão é válida”, disse Cícero. Papa discorda. Textualmente, o artigo 47 da LOM aponta que “o decreto legislativo destina-se a regular matéria de competência exclusiva da Câmara Municipal, que produza efeitos externos, não dependendo, porém, de sanção do Prefeito”. Também registra que a proposta deve ser aprovada por dois terços dos vereadores (15), em um só turno de discussão e votação. Aprovado, é sancionado pelo presidente do Legislativo. “Estamos tranquilos com relação à legalidade. O projeto de decreto legislativo também está previsto na Constituição Federal, como forma de impedir que o Executivo extrapole seus poderes”, disse Marcos Papa. Para o advogado Luiz Eugênio Scarpino Filho, assessor jurídico do parlamentar, o decreto legislativo pode, tranquilamente, sustar os efeitos da medida editada pela prefeita. “A previsão é constitucional e está registrada na justificativa do projeto”, afirmou. Papa classificou sua iniciativa de corajosa, por apresentar sozinho um projeto que enfrenta a Administração Municipal. “Fui o único a tomar uma posição de enfrentar o governo, para conter essa sanha autoritária mostrada no decreto da prefeita, em total desrespeito à Câmara Municipal, que aprovou a lei com projeto dela própria. Além de devolver o direito dos servidores, estou dizendo que há um Legislativo que precisa ser respeitado”, disse o vereador.

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