CAMPINAS

População da região cresce mais que a média do Estado

Taxa média de crescimento, que engloba 90 cidades e 6,5 milhões de habitantes, foi 1,21% ao ano de 2010 a 2015, maior que o índice paulista, de 0,87%

Cecília Polycarpo
20/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:09

A taxa média de crescimento da população da Região Administrativa de Campinas, que engloba 90 cidades e 6,5 milhões de habitantes, foi 1,21% ao ano de 2010 a 2015, maior que o índice paulista, de 0,87%. O levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostra que a região é a segunda que mais cresceu no Estado, atrás de Ribeirão Preto (1,27%) e seguida de São José dos Campos (1,05%), Santos (1,02%) e Sorocaba (0,96%). Três cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), bloco composto por 20 municípios, estão entre as sete que mais inflaram em São Paulo, com índice de aumento populacional acima dos 3%: Engenheiro Coelho (3,21%), Paulínia (3,04%) e Holambra (3,02%). Respectivamente, a população dessas cidades é estimada em 15 mil, 95 mil e 11 mil pessoas. Não foi informada a posição delas entre as sete maiores.Especialista em estudos populacionais consultado pelo Correio, José Marcos Pinto da Cunha afirmou que as cidades no eixo das rodovias Anhanguera-Bandeirantes estão entre os destinos mais procurados por migrantes da Capital e de outras regiões do Brasil. A proximidade com São Paulo, o perfil industrial e de negócios e a grande oferta de rodovias e modais de transporte são os principais fatores que atraem cada vez mais pessoas à região.A cidade de Campinas, no entanto, acompanha a tendência estadual. Apesar de o município apresentar elevado incremento populacional em valores absolutos, resultado de sua grande dimensão, ele apresenta tendência de desaceleração desde a década passada. O índice de crescimento foi de 1,01%, o segundo menor na RMC, a frente apenas de Santa Bárbara d’Oeste (0,52%). Agora, o Seade irá estudar os motivos do crescimento de certos centros metropolitanos em detrimento de outros do Estado, segundo a pesquisadora Mônica La Porte Teixeira. “A Região Administrativa de Campinas, por exemplo, é um polo econômico que chama bastante atenção e é evidente que continua em expansão. Mas nossa intenção agora é estudar os atrativos de cada cidade.”A região de Campinas segue direção oposta da Grande São Paulo, que vem desacelerando o ritmo de crescimento e apresenta taxa inferior à do Estado, passando de 0,97% ao ano na década de 2000, para 0,78% no último quinquênio. Hoje, a Capital apresenta 26,9% da população do Estado, mas estudo do Seade aponta que em 2050, o índice será de 25,9%. CampinasJosé Marcos Pinto da Cunha, pesquisador do Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explicou que a restrição imobiliária para a população de renda baixa e média é um dos motivos que mais freia o aumento populacional de Campinas. Apesar de a região do Ouro Verde ter tido crescimento importante nos últimos anos, o volume não é o mesmo que o de municípios próximos, como Paulínia. As características de infraestrutura da cidade, combinadas a imóveis com preços mais acessíveis, atraem famílias de classe média. “E agora Paulínia começa também a atrair famílias mais ricas”, disse. A mudança do perfil de Paulínia, antes conhecida como uma cidade rica com população de renda média muito inferior a Campinas, é resultado de esforço da administração municipal, avalia o pesquisador.Cunha disse também que Engenheiro Coelho está no extremo norte da RMC, onde existe a tendência de crescimento no Estado. A expansão é impulsionada principalmente pela industrialização. “Além disso, é uma cidade muito pequena, em que qualquer ganho absoluto de habitantes é revertido em um percentual mais alto. A médio prazo, o crescimento do norte da RMC deve se acelerar ainda mais.” A mesma lógica pode ser aplicada a Holambra, segundo ele. ReduçãoCento e quatorze cidades paulistas tiveram taxas negativas de crescimento no período 2010-2015. Flora Rica foi o município com maior decréscimo, de 1,18% ao ano. Registrando taxas superiores a 2%, aparecem 34 municípios. A maior delas foi observada em Bertioga, com crescimento anual de 3,24%. Outros seis municípios apresentam altas taxas de crescimento, superiores a 3%: Holambra, Paulínia, Taiúva, Itupeva, Engenheiro Coelho e Louveira.Novos condomíniosA chefe do Departamento de Engenharia de Holambra, Elisa Pennings, afirmou que a cidade está repleta de novos loteamentos residenciais. O fato de o município ser relativamente novo — foi emancipado em 1991— é um dos motivos para o crescimento. “Além disso, Holambra tem uma renda média boa, e investimentos em infraestrutura e qualidade de vida”, falou. Uma das questões presentes no Plano Diretor que será aprovado neste ano será o crescimento ordenado da cidade, segundo Elisa. Com economia centrada principalmente no cultivo e comércio de flores, Holambra apresenta indicadores razoáveis de qualidade de vida, mas ainda deixa a desejar em serviços básicos, como rede de água e esgoto. “Estamos com um projeto grande para refazer toda rede de esgoto da cidade, que era muito antiga e nunca tinha recebido manutenção”, disse a engenheira. A readequação da rede é essencial também para o turismo no local. Já Paulínia teve pelo menos 15 empreendimentos imobiliários aprovados na região sul, próxima ao distrito de Barão Geraldo, segundo a Prefeitura, em cinco anos. No mesmo período, a cidade criou cinco mil novas moradias. Conhecida por ser um polo petroquímico nacionalmente importante, a Paulínia tem incrementado setores como o turismo de negócios e ofertas de espetáculos culturais. Além de empresas de combustível, o município tem empresas como a Rhodia, Braskem, Heringer, Syngenta e International Paper. A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Engenheiro Coelho ontem, mas não conseguiu contato com ninguém, pois era aniversário da cidade.

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