Número de casos cresceu 29% em 2012; janeiro repetiu a média de 25 ocorrências por mês
Delegacia de Defesa da Mulher tem 25 casos de estupro por mês em Campinas (Cedoc/RAC)
Os casos de estupro em Campinas registraram aumento de 29% no ano passado em relação a 2011, com 300 ataques sexuais denunciados na Polícia Civil. Este ano o número de casos registrados no mês de janeiro já se igualou à média mensal do ano passado — 25 registros por mês — segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). A alta, porém, pode ser ainda maior já que, segundo a polícia, neste tipo de crime muitas vítimas não denunciam a agressão sexual, por medo, vergonha ou até mesmo descrença da Justiça.
No Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) são atendidas por mês uma média que varia entre 30 e 35 mulheres. Destas, 70% sofreram violência sexual cometida por desconhecido na rua e 30% foram violentadas dentro de casa, por parente ou conhecido. De acordo com os dados do Caism, a maior parte dessas vítimas não faz a denúncia na delegacia, o que ajuda a camuflar os números do Estado e acaba por prejudicar o trabalho de prevenção da Polícia Militar (PM) e de investigação da Polícia Civil.
O registro dessa violência é feito na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que é também responsável em apurar as informações passadas. Segundo a delegacia, em 90% dos casos que têm sido registrados, as vítimas — que vão até o local — são crianças e pré-adolescentes com idades entre 9 e 12 anos ou 13 e 14 anos. Na maioria das vezes, o criminoso é parente ou conhece a família da vítima. “Os menores são as grandes vítimas que chegam até a delegacia, sempre trazidos por um parente que percebe o problema”, afirmou a delegada responsável pela DDM, Maria Cecília Fávero Lopes.
A delegada afirma saber da omissão de parte desses registros, principalmente por parte de mulheres atacadas nas ruas. “É um problema muito sério não termos esses números computados. Atrapalha todo o trabalho policial que não tem acesso a essas informações para melhorar o trabalho”, disse.
A delegada explicou que a maior parte dos casos registrados são de atentados violento ao pudor ou ato libidinoso, que ocorrem com crianças com idade entre 9 e 12 anos. Já os casos de estupro clássico (quando há o ato sexual) acontecem com adolescentes entre 13 e 14 anos.
Porém, todos os casos são registrados como estupro. “Além da expansão do tipo de registros, o que fez aumentar foi a facilidade da comunicação sobre o fato e as discussão nas escolas, onde orientadores falam de abuso e estupro e incentivam a denúncia”, afirmou a delegada.
Nesta segunda-feira (4), um aposentado de 73 anos teve a prisão decretada por 30 dias após ser acusado de estuprar uma menina e um menino, ambos de 9 anos, na chácara onde mora no Jardim Piracambaia. O idoso, que deixava as crianças colherem frutos em seu pomar, teria feito sexo oral com o menino e abusado da menina. Na semana passada, uma menina de 8 anos foi violentada por um vizinho no Jardim Telesp. Ela dormia com dois irmãos no quarto quando um vizinho a raptou de casa e a estuprou em um matagal.