Aymar (PSL) foi indiciado depois de ter feito telefonema a um investigado que tinha ligações grampeadas
O ex-prefeito Carlos Aymar (PSL), de Araçariguama, na região de Sorocaba, foi isentado de todos os crimes que compõem o inquérito 327/12. A garantia está em uma certidão emitida pela delegada Simona Ricci Scarpa Anzuíno em nome da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Prefeito de Araçariguama por dois mandatos (2000/2004 e 2005/2008), Aymar exigiu o documento depois de ser arrolado indevidamente no caso. O nome dele foi envolvido nos crimes investigados no inquérito porque Aymar ligou a um dos investigados, cujo telefone estava grampeado.
A delegada afirma que suspeitou do ex-prefeito de Araçariguama depois de ouvi-lo perguntar sobre a instalação de uma empresa em Mairinque. Ela achou que as palavras usadas fossem algum tipo de código, mas, depois de concluído o inquérito, nenhuma prova foi encontrada contra Aymar. Mesmo assim, a delegada indiciou o ex-prefeito por tráfico de influência para apurar o que significaram as ligações feitas a um dos investigados.
Aymar disse que pretende processar o Estado por isso, já que entende não ter praticado tráfico de influência por não possuir cargo ou função para tal. As ligações que fez foram para atender ao pedido de um empresário, amigo de 20 anos, que desejava instalar unidade de produção na cidade, diz ele. “Perguntei apenas se o projeto de benefícios por conta da instalação da empresa havia sido votado e o assessor me explicou como tinha sido”.
Além disso, Aymar afirma que a empresa em questão seguiu todos os processos legais da legislação municipal para se instalar na cidade. “Não houve nenhuma influência e o empresário foi espontaneamente à delegacia para dizer isto à delegada, me isentando”, diz Aymar.
O inquérito 327
O inquérito 327/12 investigou e acabou indiciando na segunda-feira (15) nove pessoas de Mairinque, também na região de Sorocaba. Os indiciados são: o ex-prefeito Dennys Veneri (PTB), o vereador Hélio Moretto Júnior (PTB) e a filha do ex-prefeito Thaís Helena Martins Veneri.
Também foram indiciados: a ex-chefe de Cultura da gestão Maria Cândida Bertolini e o assessor de Veneri Marcos César Ernandes Camargo.
Além deles, há os empresários Carlos Alberto Valente Filho e Maurício Valente e o funcionário de Carlos Alberto Valente, Leandro Lippi.
Eles vão responder pelos crimes de fraude à licitação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, peculato e formação de bando ou quadrilha. São todos esses os crimes dos quais o ex-prefeito de Araçariguama foi isentado pela certidão da polícia por não ter participado de nada.
A investigação policial apurou que o grupo, liderado por Veneri, teria desviado da Prefeitura de Mairinque R$ 3,8 milhões entre 2005 e 2012.
As acusações foram comprovadas, segundo a delegada Simona Anzuíno, com escutas telefônicas autorizadas, documentos e depoimentos. Todos os envolvidos ficaram presos na Cadeia de São Roque, na região de Sorocaba, entre 18 e 24 de junho e saíram com habeas corpus.