MAIRINQUE

Polícia indicia nove por fraude de R$ 3,8 milhões

Ex-prefeito Dennys Veneri (PTB) é apontado como líder do grupo; envolvidos negam

Eloy de Oliveira
17/07/2013 às 12:51.
Atualizado em 25/04/2022 às 08:35

Inquérito elaborado pela delegada Simona Ricci Scarpa Anzuíno indiciou, na segunda-feira (15), nove pessoas e apurou o desvio por fraudes em licitações no valor de R$ 3,8 milhões na Prefeitura de Mairinque, região de Sorocaba.

Dennys Veneri (PTB), ex-prefeito de 2005 a 2012, é apontado como líder do grupo, que inclui ainda o hoje vereador Hélio Moretto Júnior (PTB), o empresário Carlos Alberto Valente Filho e a filha do ex-prefeito Thais Helena Martins Veneri.

Também fazem parte do grupo: Marcos César Ernandes Camargo (ex-assessor de Veneri), Maria Cândida Bertolini (ex-chefe de Cultura), o empresário Maurício Valente e Leandro Lippi, que era funcionário de Carlos Valente Filho.

Todos negam envolvimento no caso e afirmam que vão se defender pelos meios legais na Justiça. Inclusive vão reclamar nas ações que pretendem ingressar do período em que ficaram presos entre 18 e 24 de junho.

A delegada afirma que as fraudes funcionavam por meio de superfaturamento nas licitações. O dinheiro em excesso era encaminhado a contas de empresas inidôneas ou inexistentes e retornava aos acusados em saques pessoais.

De acordo com o inquérito, o dinheiro serviu para financiar campanhas eleitorais de cinco candidatos, três da cidade e dois de Araçariguama e Alumínio, e funcionou entre 2005, primeiro ano da primeira gestão de Veneri, e 2012.

Os candidatos de Mairinque beneficiados na campanha de 2012 seriam: Denilson Santana de Lima (PTB) derrotado à Prefeitura e os postulantes eleitos à Câmara Hélio Moretto Júnior (PTB) e Ovídio Alexandre Azzini (PP).

Além deles, dois candidatos a prefeito foram apoiados: a mulher do ex-prefeito Carlos Aymar (PSL), de Araçariguama, Liliana Aymar (PV), a Lily Arymar; e Antônio Piassentini (PPS), o Bimbão, em Alumínio, mas ambos não se elegeram.

Um ano de investigação

A investigação começou a partir de denúncias anônimas e com escuta telefônica autorizada pela Justiça. Ela durou um ano. Depois dos indícios, a polícia recolheu documentos, quebrou sigilo bancário e ouviu testemunhas.

Para a delegada, o ex-prefeito era o articulador do grupo e Thais, como responsável pelo setor de licitações; o assessor Marcos César e a chefe de Cultura Maria Cândida direcionariam as licitações para as empresas de Valente.

O hoje vereador Hélio Moretto Júnior era diretor de Finanças da Prefeitura na época das fraudes. Ele atuava no grupo como responsável por autorizar os pagamentos indevidos e superfaturados, segundo a delegada.

Aos empresários e ao funcionário de Carlos Valente cabia garantir contas para os depósitos e depois o repasse do excedente apurado para os integrantes do grupo, que faziam as retiradas nos bancos em contas específicas.

O inquérito será encaminhado agora para o Fórum, onde os acusados poderão ser denunciados. Eles são acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, peculato e corrupção ativa e passiva.

Pego por acaso

As escutas para investigar o caso de Mairinque acabaram levando a polícia acidentalmente a descobrir um possível tráfico de influência praticado pelo ex-prefeito Carlos Aymar, de Araçariguama, que será acusado no inquérito.

Simona Anzuíno disse que ele fazia diversas ligações para o ex-prefeito de Mairinque para sugerir a instalação de empresas na cidade. A acusação é de que ele se beneficiava de alguma forma com essa influência nas indicações.

Além dessas ligações, Aymar atuou como assessor de Veneri na Prefeitura de Mairinque em parte do período das fraudes. Só deixou o cargo para concorrer a prefeito de Araçariguama em 2012, mas foi impugnado e lançou a mulher.

A delegada Simona Anzuíno afirma que não há provas do envolvimento de Aymar no caso das fraudes, mesmo sua mulher tendo sido beneficiada. Ainda assim, ela relacionou o nome dele, que segue com o inquérito pela influência.

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