Bando atuava dentro da Ciretran da cidade para reduzir pontos e excluir multas de documentos
Sherington Matrangolo é apontado pela polícia como o líder do esquema de fraudes (Sérgio Masson/AAN)
A Polícia Civil de Ribeirão Preto, por meio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), desmontou nesta terça-feira (5) uma quadrilha que reduzia pontos e excluía multas de CNHs na cidade.
Quatro pessoas foram presas na operação, chamada “Ponto a Ponto”. Entre os detidos estão duas funcionárias da Ciretran de Ribeirão, um ex-funcionário (casado com uma das mulheres) e um agente de recurso de multas.
As investigações começaram há quatro meses. Segundo a polícia, o “líder” da quadrilha era Sherington Matrangolo, de 31 anos, que trabalhava como procurador para pessoas interessadas em recorrer de multas. Dentro da Ciretran, os contatos eram Shirley Aparecida da Silva, de 37 anos, e Stefani Cardoso da Cruz, de 23 — única dos suspeitos que confessou todo o esquema.
Thiago dos Santos Lourenço, de 29 anos, que era marido de Shirley e ex-funcionário da Ciretran (foi exonerado há cerca de um ano) também integrava a quadrilha. A Polícia Civil não descarta o envolvimento de mais pessoas e até mesmo de Ciretrans de outras regiões.
Quem tem sete ou mais pontos na carteira, dependendo da gravidade das autuações, pode ser impedido de renovar a CNH e corre o risco até de perder o documento.
A polícia acredita que pessoas interessadas em reduzir pontos na carteira ou excluir multas pagassem para Sherington, que repassava o dinheiro (ou parte dele) para Shirley e Stefani acessarem o sistema interno da Ciretran e fazerem as alterações nos cadastros. Segundo o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, titular da DIG que coordenou as investigações, não é possível definir os valores pagos ou a quantidade de “clientes” atendidos.
“O esquema funcionava há mais ou menos um ano, e deve ter beneficiado muita gente. O que sabemos é que o saldo da conta delas (Stefani e Shirley) é baixo, mas elas pediam dinheiro para o Sherington para fazer viagens e compras”, disse o delegado.
Os quatro responderão pelos crimes de inserção de dados falsos no sistema informatizado do Estado, corrupção ativa e formação de quadrilha. Sherington e Thiago foram levados para a Cadeia Pública de Santa Rosa de Viterbo. Stefani e Shirley, para a Cadeia Feminina de Cajuru.
Divisão das tarefas
O delegado Paulo Henrique Martins de Castro também explicou que Shriley e Stefani tinham funções específicas no esquema. A primeira era responsável por reduzir a pontuação das CNHs, enquanto a segunda fazia a exclusão das multas. No caso de Shirley, ela tinha acesso à senha de uso exclusivo do delegado da Ciretran, Paulo Sérgio de Oliveira, para executar a tarefa. “Ainda vamos apurar como ela teve acesso ao código”, disse Castro.
Paulo Sérgio de Oliveira não foi encontrado para comentar o assunto. A reportagem enviou questionamentos para a assessoria de imprensa do Detran em São Paulo, mas até agora não houve resposta.