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Podridão Religiosa

13/11/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 12:31

Acabo de receber a notícia de que o templo da Igreja Metodista em Buenos Aires foi alvo de vandalismo. Houve ataques ao altar e ao órgão da igreja. Ele é o primeiro edifício Metodista Wesleyana América do Sul e onde o evangelho foi pregado pela primeira vez em castelhano. Houve ataque anterior a um templo da Igreja Metodista em Rosario, que sofreu um incêndio criminoso. Na Argentina tem-se o já famoso incêndio da Associação Judaica Argentina.No Egito, ao menos 58 igrejas e instituições cristãs foram atacadas e incendiadas, sendo 14 católicas. Na Malásia, porque um tribunal permitiu que não-muçulmanos usem a palavra Alá para se referir a Deus houve ataques a igrejas cristãs. O fato se repete no Paquistão, no Quênia, na Costa do Marfim, no México, na Nigéria. Muitos outros casos poderiam ser citados e em todos eles há um denominador comum: intolerância.Ela pode ser motivada pelo conflito religioso (cristianismo versus islamismo), ou mesmo entre muçulmanos (xiitas versus sunitas) ou cristãos (fundamentalistas versus liberais). O paradoxal é que, todas elas, em seu cerne, pregam a paz e um paraíso futuro.No que ao cristianismo se refere, pode-se falar de um paradoxo interno, uma violência endógena. Não se concebe que em um hemisfério a igreja se torne uma religião burguesa, dos felizes endinheirados, dos sem-sofrimento, e que em outro hemisfério ela seja a religião dos explorados, dos sofredores, dos pobres, dos escravos. E o pior de tudo é que se chama a este paradoxo de “comunhão dos fieis”.A igreja padece de um processo de isolamento cognitivo, cuja influência vem se perdendo ao longo dos anos. Uma pergunta que muitas vezes fiz a vários pastores: se a sua igreja fechar amanhã, qual o impacto que isto traria para a sociedade na qual ela está? Invariavelmente a resposta era: a cidade nem vai perceber. Outra que costumo fazer: quantos na sua igreja entendem a doutrina que é pregada?Mais que isto ou como razão para isto, a mensagem cristã tem se acomodado e se convertido em uma paráfrase religiosa supérflua, perdendo a identidade por acomodação. Com isto, a diferenciação se torna flácida e se busca o viés sectário, com a entronização de frases feitas, lugares comuns, jargões, frases decoradas, sem que haja reflexão crítica. Assim, ela se fecha em si mesma e repudia a diferença, a alteridade, vendo-a como ameaça.Aos olhos do povo, a Igreja passa a ser um edifício, um negócio dos apóstolos, bispos e sacerdotes, um supermercado de serviços religiosos. Paga-se por tudo o que a igreja tem e esta repete ad nausean pedidos de oferta. Compra-se e paga-se pelas orações, pelos casamentos, pelos batizados, para falar com alguém investido do poder divino, etc.Há algo de podre no reino eclesiástico e religioso!Com isto estabelece-se a guerra comercial, tal como estamos vendo entre as religiões de prosperidade no Brasil, e destas com os setores históricos, com a Igreja Católica e a Umbanda.Há algo de podre no reino das religiões.

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